Feiras de Natal em Portugal

Eu adoro "feirinhas"!!! E esta época do ano, particularmente, as chamadas "Feiras de Natal"!

No Parque Delfim Guimarães, na cidade da Amadora (grande Lisboa), começa hoje e decorre até ao dia 24 de Dezembro, a "20ª Venda de Natal". Esta feira acontece todos os dias, das 11h00 às 20h00, e conta com 52 stands de produtos do artesanato nacional e internacional.

Infelizmente, a 25º edição do Mercado Mundo Mix, que estava prevista para acontecer de 3 a 5 de Dezembro, no espaço da LX Factory, em Lisboa, foi cancelada...

Mas, a já conhecida "Natalis", Feira de Natal Solidária, que acontece na FIL (Feira Internacional de Lisboa), decorre de 6 a 14 de Dezembro, com mais de 200 expositores. Nesta edição, para além de artesanato nacional e internacional, haverá também gastronomia tradicional e gourmet, arte e decoração, joalharia e acessórios de moda. Portanto, quem ainda não comprou as prendas (presentes) de natal, pode encontrar nessas feiras algumas boas opções!

Mais um fim-de-semana doce!

A Associação Empresarial da Região de Santarém (Portugal) organiza, de 26 a 28 de Novembro, no Pavilhão de Exposições desta Associação, em Torres Novas, o VII Festival do Arroz Doce e Doçaria Regional, a Feira do Livro e a Feira dos Stocks. Este evento, realizado em conjunto, propõe uma variedade de produtos da doçaria tradicional portuguesa, além de livros e vestuário.

No Festival do Arroz Doce e Doçaria Tradicional, que já vai na sua 7.ª edição, os visitantes poderão adquirir arroz doce confeccionado das mais variadas formas, bem como outros doces regionais. Prevê-se ainda a realização de um concurso para escolher o melhor arroz doce.

A Feira do Livro e a Feira dos Stocks constituem um convite para as compras de Natal, uma vez que apresenta títulos e vestuário diversos, a preços abaixo do valor de mercado.

Mostra Internacional de Doces e Licores Conventuais

Termina hoje, dia 21 de Novembro, a XII Mostra Internacional de Doces e Licores Conventuais de Alcobaça (Portugal).
Esta feira acontece no maravilhoso Mosteiro de Alcobaça, e vale mesmo a pena conferir. Eu estive lá o ano passado, e é, realmente muito boa.
Esta Mostra costuma reunir cerca de 35 mil visitantes por ano, curiosos por saber o que as cozinhas dos mosteiros e dos conventos de Portugal produziam. Doces à base de açúcar e ovos é o "carro chefe" deste tipo de doçaria. Durante muitos séculos essas receitas ficaram no segredo dos deuses, mas com a abertura ao exterior, os segredos foram-se desvendando e hoje, as melhores delícias podem ser degustadas não só nesta Mostra, como também em diversas "pastelarias" espalhadas por todo Portugal.

Imperdível

Faz tempo que eu não escrevo neste blog...
Tenho me dedicado mais ao meu blog profissional (http://brasileportugal.blogspot.com/) e tenho deixado os "Meus Pensamentos" um pouco de lado...
Mas hoje, eu tinha que escrever!
Estive em Coimbra na passada quarta-feira, e fui à uma pastelaria, que já conhecia, só para comprar os seus maravilhosos suspiros! Se o leitor pensa que sabe o que é suspiro, lamento informá-lo que, se não conhece o suspiro da Pastela Briosa, em Coimbra, ainda não conhece o verdadeiro suspiro. Primeiro, ele é gigantesco! (Pena que eu caí, literalmente, matando no suspiro, e não deu tempo de tirar foto). Mas o tamanho dele, por sí só, já nos enche os olhos... depois, ele é durinho por fora e bem lá dentro tem um creminho... hum... e, o melhor de tudo é que ele não é exageradamente doce, ou seja, o açucar está ali na medida certa, o que, por um lado, torna-se perigoso, porque começamos a comer e não enjoamos! Mas enfim... quem vai à Coimbra tem mesmo que parar nesta pastelaria e comer este suspiro!

Eu recomendo MESMO...

...o espectáculo "Tangos e Tragédias".
Há muito tempo atrás, penso que eu estava na faculdade e então foi antes de 1996, eu fui assistir, em Campinas (São Paulo/ Brasil), o espectáculo "Tangos e Tragédias". De lá para cá, confesso que nunca consegui assistir outro espectáculo tão bom, o que é uma pena! Por isso, assiti esse espectáculo mais duas vezes, e agora vou vê-lo pela quarta vez, em Sintra (Portugal).
Acho que todo mundo merece ver o "Maestro Plestakaya" e o "Violinista Kraunus" na sua pátria imaginária, a "Sbórnia". Tratam-se de dois músicos/comediantes brasileiros que, com muito humor, montaram este espectáculo e o mesmo fez tanto sucesso que eles pararam por aí! Não sei se, para além disso, eles já fizeram outras coisas... Só sei que o espectáculo "Tangos e Tragédias" está em exibição desde antes de 1996 e que não teve uma continuidade, ou seja, o sucesso deste espectáculo dispensou uma continuidade porque pessoas, como eu, não se importam de assití-lo repetidas vezes. Não é o máximo fazer uma única coisa na vida , tão boa, e que faz tanto sucesso, que não é preciso fazer mais nada? :)
Por isso, eu recomendo-o vivamente! Mesmo que agora "Plestakaya" esteja mais careca e "Kraunus" com mais cabelos brancos, a arte de representar e fazer rir continua-lhes nas veias! Aliás, só de olhar para a cara deles já dá vontade de rir! :)

Bem, por isso, hoje, 1 de Outubro, não percam, às 22h00, no Centro Cultural Olga Cadaval, Auditório Jorge Sampaio, em Sintra, mais uma actuação desta brilhante dupla de comediantes.

Eu recomendo!

Até amanhã (Sábado, dia 25 de Setembro) a Rua de São Bento, em Lisboa, anima-se durante a noite no já conhecido evento anual em que as lojas de antiguidade desta rua ficam abertas até à meia-noite. Esta já é a décima edição das famosas "Noites de São Bento", que para além das lojas, contam com muita animação!

Outro evento imperdível este fim-de-semana é a abertura das Galerias Romanas (catacumbas) da Rua da Prata, também em Lisboa. Estas galerias abrem para visitação pública somente uma vez por ano e este ano a abertura acontece hoje (Sexta-feira, dia 24 de Setembro) e o encerramento é já no Domingo, dia 26 de Setembro. Sempre das 10h00 às 18h00, trata-se de uma visita guiada que, normalmente, provoca filas enormes pela baixa pombalina. Por isso, quem tiver interesse, é bom ir cedo e preparado para ficar algumas "horitas" na fila que se estende pela Rua Conceição. Mas vale a pena conhecer esta estrutura romana, cujas características sugerem uma construção da época de Augusto, datada entre o século I a.C e o século I d.C.

Fotos tiradas da Internet

Desemprego, Depressão, Com Pressão e Com Muita Pressa!

A minha relacção com as chamadas "doenças do foro psíquico" sempre foi muito saudável. Aprendi a lidar com a depressão desde cedo, como lidamos com outra doença qualquer. Aliás, eu acho mesmo que a depressão é como uma dor crónica, que  umas vezes está melhor, outras vezes pior; que uma vezes parece que foi embora, mas depois volta; enfim... é como uma dor de cabeça! Nunca sabemos quando a vamos ter, mas que, ao longo da vida, vamos ter, isto é (utilizando uma expressão tipicamente portuguesa) "certinho como o destino"!

Por isso, quando a dor aparece, e começa a nos incomodar, penso que devemos, o quanto antes, tomar um "remedinho". O problema é que, quando estamos bem, e a dor aparece subitamente, temos a tendência de querer evitar tomar o tal "remedinho" e esperar que a dor desapareça da mesma forma com que apareceu... E é aí que, por vezes, podemos cometer o mais grave dos erros, pois, se ao invés da dor desaparecer, ela aumentar, a dose de remédio que teremos de tomar terá de ser muito maior! Portanto, ao primeiro sinal da dor de cabeça, tome logo um "remedinho"!

Mas este "remedinho" deve ser sempre indicado por um médico! Nada de se auto-medicarem! Ainda mais quando se trata da nossa cabeça! Por vezes podemos incorrer no erro de acharmos que estamos deprimidas e, no entanto, não passar de um momento de tristeza e/ou frustação... Para quem sofre de depressão, é muito difícil diferenciar estes dois "estados de alma"... Por isso, neste caso, a intervenção de um especialista é fundamental!

Por exemplo, chorar copiosamente ao ver o último episódio da série "Sex in the City" configura um estado de depressão? Segundo um especialista da área, "Não necessariamente. A pessoa pode simplesmente estar a passar por um momento de tristeza ou frustação na sua vida!" Por isso, neste caso, o "remedinho" pode ser outro... Talvez um exercício terapeutico que nos ensine a lidar melhor com os momentos de tristeza e/ou frustação, seja o  mais adequado...

Uma vez, uma grande amiga me disse: "Eu acho que você é um talento desperdiçado!" Isso, por si só, poderia provocar em mim uma certa frustação... Mas vejamos, se eu sou "um talento" e não sabem tirar proveito disto, então, a culpa não é minha! Logo, não tenho motivo para ficar frustada e/ou, muito menos, deprimida! Tenho é que ficar feliz com esse elogio! :) Obrigada amiga!

Eu ainda não morri! Só tenho 36 anos!

Desde Janeiro que, todos os dias, envio dezenas de currículos. Como, até ao momento, não consegui nada de concreto, começo achar que alguma coisa está errada... ou está errada comigo, ou está errada com o mundo! Ou, pelo menos, com o meu mundo! Das duas, uma: Ou o meu currículo tem algum problema, tipo "super-formação", excesso de estudos e capacidade profissional; e, actualmente, o que se procura é estagiários e voluntários; ou o problema está na minha idade... ou seja, depois dos 35 anos morremos para a vida profissional. O que é preciso fazer para que as pessoas saibam que eu ainda não morri, e que só tenho 36 anos?
Acho que vou alterar as minhas informações pessoais colocando da seguinte forma:
Data de nascimento: "Isso não importa, o que importa é que eu quero trabalhar e ainda tenho muito energia!"
Também vou alterar as minhas habilitações acadêmicas e profissionais para: "Faço qualquer coisa, desde que remunerada, pois chegar aos 36 anos, com o investimento acadêmico que fiz, e a experiência profissional que adquiri, não dá para viver de trabalho voluntário. Afinal, tenho contas para pagar! Mas, reitero, faço qualquer coisa! Canto, danço e sapateiro, se for preciso!"
Por fim, pensei também em alterar a remuneração pretendida para: "Eu sei que, devido a minha formação e experiência profissional, o meu currículo assusta! Mas não tenham medo de me contractar! Eu preciso mesmo trabalhar! Portanto, desde que seja um salário digno, eu aceito! Mesmo que não esteja a minha altura, eu aceito! Desde que não seja explorada, aceito um salário inferior aquilo que mereço. Portanto, não tenham receio de me oferecer!"
Enfim... a situação no "meu mundo", ou seja, onde vivo, não está nada fácil... Parece que não há mais trabalhos para profissionais da minha área, as ofertas restringem-se à freelancers, e de preferência, à recém-licenciados, que queiram estagiar (ou seja, trabalhar sem remuneração) ou fazer mesmo trabalho voluntário.
Eu amo o jornalismo, e vai me custar muito abrir mão disto... Mas se tiver que ser, não posso continuar em busca de algo, sem nenhum tipo de retorno. Por isso, neste momento, estou disposta a aceitar qualquer trabalho que me ofereça a tão sonhada estabilidade profissional e financeira... Mesmo que não seja na minha área, mesmo que não tenha nada a ver com o que estudei e trabalhei, mesmo que tenha que começar do zero, que tenha que aprender... pois, apesar de ter 36 anos, sei que ainda sou capaz de aprender muitas coisas!

Quinta dos Lóridos - Portugal

Este fim de semana fui conhecer a "Quinta dos Lóridos - Jardim Oriental Buddha Éden", situado na freguesia do Carvalhal, Concelho do Bombarral, Distrito de Leiria - Portugal.
Esta Quinta, hoje uma unidade hoteleira de luxo e também produtora de vinhos, possui uma área de 35 hectares, lago artificial e plano para 6 mil toneladas de estátuas orientais feitas em terra cota.
A entrada é gratuita, fica aberta até às 18h00, e pode ser visitada à pé, ou através de um "trenzinho".
Apesar de muito bonito, como tudo que é gratuito e pouco vigiado, o jardim já possui diversas estátuas degradadas... Por isso, vá visitá-lo enquanto é tempo e procure ser "civilizado"!

Concurso Bebê Johnson 2011

Vamos lá votar no lindo do meu afilhado para ele fazer parte do calendário Bebê Johnson 2011!!!
É só clicar no link: http://www.bebejohnson.com.br/?bebe=71878 e votar!

Greenfest 2010

Começou hoje e vai até ao próximo dia 17 de Setembro, o Greenfest, "o maior evento de sustentabilidade do país, celebrando o que de melhor já se faz nas três vertentes: social, ambiental e económica".

Com diversos eventos, tanto para empresários, como para qualquer cidadão que se preocupa com o futuro, este evento acontece no Centro de Congressos do Estoril e na FIARTIL (espaço em frente ao Centro de Congressos, onde normalmente acontece a Feira Internacional de Artesanato).

Durante a semana, os eventos no Centro de Congressos realizam-se entre as 9h00 e as 19h00 e ao fim-de-semana entre as 10h00 e as 20h00. Já, o espaço da FIARTIL funciona sempre até às 23h00.

Não percam porque, para além da entrada ser gratuita, no espaço da FIARTIL poderão conhecer os meus famosos bolos, que estarão no café do Cowork Lisboa!

Informações sobre toda a programação pode ser consultada em: http://www.greenfestival.pt/2010/

Para descontrair...

Foi criado em Portugal o "Cartão Único", um cartão que reúne informações como, o número do Bilhete de Identidade, da Segurança Social, do contribuinte, enfim... Entretanto, se útilizarmos somente as primeiras letras do nome "Cartão Único", para nos referirmos à ele, ficaríamos com "CÚ"! Imagina só pedirem-te o "CÚ"! Tipo: "Você trouxe, ou você tem, o seu "CÚ"?" ou "Por favor, preciso do seu "CÚ"" ou ainda, "Passa-me o seu "CÚ"" Por isso, o Governo português achou melhor alterar o nome do "Cartão Único" para "Cartão do Cidadão", ou seja, eu diria que a "coisa" ficou menos ofensiva, porque agora, ao invéz de "CÚ" a sigla é "CC". No Brasil quando uma pessoa está com "CC", significa que ela cheira mal do "sovaco". Aqui em Portugal não sei se tal termo existe... Mas, de qualquer forma, agora, quando alguém nos pede o "Cartão do Cidadão", pede-nos o nosso "CC"! Antes pedir o "CC" do que "CÚ"!

A primeira vez que fui assaltada em Portugal!

Eu já tinha sido roubada em Portugal, mas assaltada não!
Uma vez, roubaram-me o telemóvel (celular), quando eu estava subindo as escadas rolantes do metro. Estava distraída, com a mochila nas costas, e o telemóvel estava no fecho da frente. Abriram-me o fecho e eu só senti quando o acto já estava consumado. Olhei fixamente para a pessoa, mas não tinha evidências. Depois, até encontrar um polícia, obviamente que a pessoa em questão já havia desaparecido!

Mas desta vez, também durante o dia, andando pelas ruas do bairro onde moro, um rapaz passou correndo e puxou a minha correntinha. Também estava distraída, conversando com um amiga, e levei um susto devido a violência do acto. O que mais me irritou é que não era nada de valor comercial! Mas, para mim, tinha valor... sentimental... Por isso, sei que há uns metros dalí, muito provavelmente, a correntinha seria jogada no lixo! Ainda cheguei a gritar: "Isso não tem valor não!", mas tudo foi tão rápido e tão bruto, que comecei a pensar, "Meu Deus, será que estou a correr risco de vida, ao usar bijouterias douradas?"

Esse negócio de achar que estamos seguras em Portugal, faz com que andemos menos atentas. Eu notei que não tive reflexos, e isso me deu um pouco de medo, no caso de um dia eu retornar ao Brasil... Vou ter que reaprender a viver "sempre alerta"! E acho que, infelizmente, esta reaprendizagem terá de começar aqui...

Mudar é preciso...

... e pode ser positivo!

Há pouco tempo descobri que as mudanças nem sempre são ruins.

Eu, uma pessoa totalmente resistente às mudanças, percebi que já perdi muito tempo procurando manter o estado actual das coisas...

Mas afinal, por que é tão difícil mudar? Por que é tão difícil acreditar que uma mudança pode ser positiva? Por que somos tão resistente às mudanças se, no final, nos damos conta que elas acontecem muito mais facilmente do que as imaginámos? Por que demoramos tanto tempo para mudar? Por que perdemos tanto tempo?

Penso que a resposta está numa palavrinha chamada "MEDO"!
E MEDO de quê?
De uma outra palavrinha chamada "DESCONHECIDO"!

A mudança sempre nos leva para o desconhecido... Podemos até pensar que sabemos aonde a mudança irá nos levar, mas a verdade é que nunca podemos ter a certeza... Podemos ser optimistas e acreditar que a mudança será para melhor, mas como não temos a certeza, sempre ficamos com um "friozinho" na barriga...

No entanto, visto que nada na vida é certo; que o futuro à Deus pertence, e que nunca podemos ter a certeza do que nos irá acontecer, TER MEDO DO DESCONHECIDO FAZ ALGUM SENTIDO?

Descobri mais uma "coisa" que os argentinos fazem melhor do que os brasileiros...

Acabo de descobrir que, para além do Doce de Leite, os argentinos conseguiram fazer mais uma "coisa" melhor do que os brasileiros! Trata-se do filme "O Segredo dos Seus Olhos", que ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro este ano, e que é, simplesmente, MARAVILHOSO! Temos que dar o braço a torcer, mas, desta vez, os nossos "hermanos" se superaram! Vale a pena conferir!
"El Secreto de Sus Ojos" é um filme de José Campanella, director também do famoso filme "El hijo de la novia" (O Filho da Noiva).
Veja abaixo o trailer do filme:


Este vídeo está disponível no Youtube

Até onde podemos e devemos ir?

Ando um pouco preocupada com o facto de utilizar em meus blogs, imagens que circulam pela Internet.
A pergunta que não quer calar é: Até onde podemos e devemos ir?

Portanto, resolvi enviar um e-mail para o Sindicato dos Jornalistas de Portugal, perguntando se existe algum Código de Ética ou Deontologia, que diz o que posso e o que não posso publicar na minha rede social ou no meu blog.

Em resposta, o Sindicato alertou-me que, sobre a utilização de textos ou fotos é necessário ter o máximo cuidado porque, habitualmente, esses materiais estão protegidos pelo direito de autor, e não podem ser utilizados sem a respectiva autorização deste, sob pena de se poder incorrer um processo judicial.
Não existe nenhum Código de Ética ou Deontogia específico para isto. O Código que existe é para os Jornalistas. No entanto, as leis que protegem os direitos de autor podem ser aplicadas à qualquer pessoa. Por isso,  só se deve utilizar em blogs e redes sociais os textos e fotos que são de utilização livre, e mesmo para estes deve-se, SEMPRE, citar a fonte.

Mas como saber quando um texto e/ou uma foto possui "utilização livre"?
Por exemplo: quando pesquisamos imagens no google, aparecem dezenas delas. Muitas, nem se quer apresentam o nome do autor. Neste caso, será que podemos admitir que estas imagens possuem "utilização livre"?

Ainda segundo o Sindicato, a Internet é um meio recente, e ainda levanta algumas dúvidas. De facto, muitas vezes não conhecemos a origem da foto, nem se está protegida ou não, neste caso é melhor não arriscar... Por isso, é necessário alguma cautela e "bom senso".
Tenho procurado utilizar o "bom senso" e, por isso, quando publico uma imagem que não é de minha autoria, e não sei o nome do autor, procuro colocar que ela foi tirada da Internet. Penso que o bom senso nos obriga, SEMPRE, a divulgarmos a fonte. E, em material que circula pela Internet, a fonte pode ser o autor, quando este assina, ou a própria Internet, quando não há qualquer tipo de referência. No entanto, julgo que, a partir do momento que a imagem circula pela Internet, sem qualquer tipo de protecção, não temos que ter autorização para publicá-la. Ela já está lá, publicada, a circular livremente, e ao alcance de qualquer um que queira utilizá-la. Por isso, a menos que esteja explicitamente especificado que é proibida a utilização daquele conteúdo, penso que não estejámos a fazer nada de errado.
Enquanto não houver uma lei específica que proteja os conteúdos que circulam pela Internet, tais conteúdos serão sempre vulneráveis e passíveis de plágio. Deste modo, a ética e o bom senso nos diz que devemos, SEMPRE, referir a fonte do que publicamos, nem que esta seja: "Artigo ou Imagem encontrada a "vaguear" pela Internet".

Agosto em Portugal = Incêndios em Portugal

Uma coisa que eu nunca entendi em Portugal são os incêndios durante o verão.

Todo verão é a mesma coisa: Nuns mais, noutros menos, mas em todo verão acontecem incêndios!

Algumas pessoas dizem tratar-se de "fogo posto", ou seja, pessoas que ateiam fogo de propósito. Mas eu já reparei que, mesmo aqueles que não ateiam fogo, gostam de ver de perto "o circo, neste caso a mata, pegar fogo"!

Quando morei em Castelo Branco, presenciei muitos incêndios. Lembro-me duma vez em que o céu da cidade ficou tão encoberto pelas cinzas, que era quase impossível respirar! Se deixássemos as janelas de casa aberta, além de entrar muita fuligem, o fumo era sufocante. Tínhamos que colocar bacias com água espalhadas pela casa, para o ar não ficar tão seco. Então, a solução era sair de casa. Mas sair de casa para ir aonde, se toda a cidade estava assim? A solução era ir até ao Castelo (ponto mais alto da cidade), de onde era possível ver a extenção do fogo e ficar lá, com o resto da cidade, "admirando" e comentando sobre aquele "espectáculo"! Que coisa mais estranha... É certo que o fogo, visto de longe, tem a sua beleza... Mas uma pessoa consciente não consegue ver beleza quando o fogo está a destruir quilómetros e quilómetros de hectares... No entanto, haviam pessoas que, mesmo sem serem repórteres fotográficos, levavam máquina fotográfica para documentarem aquele momento...

Outra vez, lembro-me que fui passar o dia em uma praia fluvial do Distrito de Castelo Branco, e na volta deparei-me com a estrada interditada por causa do fogo. Tivemos que descobri outro caminho para voltar para casa, e a sorte é que havia outro caminho! Caso contrário, teríamos ficados "ilhados". Mas o que mais me chamou a atenção foi que, haviam dezenas de pessoas, na mesma situação que nós, que já lá estavam há algum tempo, parados, a observarem o fogo que avançava pela estrada. Parece que estavam todos hipinotizados! Só quando os bombeiros obrigaram a sair dalí, é que todos foram embora.

Qual o prazer em ficar-se parado diante de algo que nos deixa tão impotentes quanto o fogo? Isso me assuta!
(Imagens tiradas da Internet)

Ainda em Agosto...

Mas Agosto também é o mês onde, mesmo sem se sair de férias, pode-se aproveitar a cidade onde se vive em Portugal. Apesar de muitos lugares estarem "encerrados para férias", ainda se encontra algumas opções.

Muitas cidades oferecem, durante esta época do ano, as famosas "Touradas Portuguesas" (onde o cavaleiro toureira, mas não mata o touro). Estes espectáculos, por serem ao ar livre, são muito agradáveis nestas noites de calor.
"Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa"
Para quem gosta de petiscar, esta época do ano também oferece "iguarias" que não se encontram em nenhuma outra época. Falo dos caracóis e dos "joaquinzinhos" fritos!
"Caracóis"
"Joaquinzinhos fritos"
Fotos por Juliana Iorio

Agosto - o mês da contradição em Portugal

Terei de fazer uma pausa nos episódios sobre a minha vida em Portugal, porque agora é verão, férias, e não poderei deixar passar este mês de Agosto sem contar as particularidades desta época do ano em Portugal!

Agosto é mês de férias em Portugal. Férias escolares e, porque normalmente é o mês mais quente do ano, os portugueses, TODOS, gostam de tirar férias nesta época do ano. Um pouco como o nosso Janeiro no Brasil...

No entanto, a contradição a que me refiro no título deste artigo está no facto de Portugal ser um país turístico, destino de muitos que escolhem esta época do ano para visitá-lo e, por coincidir com as férias dos portugueses, muitos dos lugares  encontrarem-se encerrados. Ora, encerrar, por exemplo, um restaurante durante o mês de Agosto, período em que, provavelmente, haverá mais procura, parece-me uma contradição... Ainda mais quando o "assunto do ano" tem sido a famigerada "Crise"! É certo que muitos portugueses saem de Portugal... Mas também é certo que muitos turistas entram em Portugal!

É lógico que os portugueses também têm direito à férias! É sabido que muitos, por manterem negócios de família, encerram seus negócios durante as férias porque querem tirar "férias em família". E também é natural que eles queiram tirar férias durante o verão. Mas tem, MESMO, que ser em Agosto? É que além de enfrentar-se um calor insuportável, em qualquer lugar de Portugal que se vá nesta época do ano (e a escolha da maioria recai sobre a Região do Algarve), paga-se, TUDO, muito mais caro! Logo, quem não têm filhos na escola, e portanto, não é "obrigado" a tirar férias esta época do ano, tem, MESMO, que sair de férias em Agosto?

Episódio 27 - O meu Dicionário!

Português de Portugal X Português do Brasil

Abalroado - batido
Alcatroado - cimentado, pavimentado
Rebuçados - balas doces
Politiquices - "jogo político"
Quelha - calha, viela, beco
Saber - não o verbo, mas palavra usada para definir um sabor: "Sabe a banana" - Tem gosto de banana.
Prenda - presente
Telemóvel - celular
Autocarro - ônibus
Comboio - trem
Mota - moto
Carrinha - "van"
Camião - caminhão
Escola de condução - auto-escola
Conduzir - dirigir
Travão - freio
Travar - freiar
Troço - trecho
Peões - pedestres
Presidente de Câmara - prefeito
Câmara Municipal - prefeitura
Autarquia - administração autónoma
Edilidade - vereação
Moção - proposta
Ganga - jeans
Cuecas para mulher - calcinhas
Rabo/ cú - bunda
Collant - meia-calça
Peugas - meias
Carteira/ Mala/ Saco - bolsa feminina
Camisola - camiseta
Chinela - chinelo
Jaleco - avental de trabalho
Fato - terno
Facto - o nosso fato/ acontecimento
Canalizador - encanador
Sandes - sanduíche
Tosta mixta - mixto quente
Chávena - xícara
Bica - café expresso (pode ser Italiana (com 1/3 da xícara com café), Normal (com metade da xícara com café) ou Cheia (com a xícara cheia), e ainda pode ser servida em Chávena Escaldada (xícara quente)
Garoto - Café com leite servido em xícara de café
Galão - café com leite servido em xícara grande
Pingado - café expresso com um "pingo" de leite
Meia de Leite - Café com leite, sendo que meia xícara é de café e a outra metade é de leite
Imperial - chopp
Digitalizar - scannear
Xerox - fotocópia
Caloiro - calouro
Registar - Registrar
Aluguer - Aluguel
Encenador/ Realizador - director
Actor secundário - ator coadjuvante
Bilheteira - bilheteria
Banda Desenhada - história em quadrinhos
Cromo - figurinha
Médico Dentista - dentista
Medicina Dentária/ Estomatologia - odontologia
Cimeira - conferência
Paquete - barco a vapor
Churrasqueira - casa que vende frango assado
Pastelaria - casa que vende pães e bolos (Padaria aqui só vende pão!)
Fabrico - fabricação
Drogaria - casa que vende materiais para construção
Lavandaria - lavanderia
Descapotável - conversível
Loiça - louça
Oiça - ouça
Equipa - equipe
Golo - gol
Baliza - trave
Guarda redes - goleiro
Treinador - técnico
Copa do Mundo - mundial
Casa de banho - banheiro
Creme dental - pasta de dentes
Cortinado - cortina
Candieiro - abajour
Polícia - o policial
Miúdo - criança
Putos - meninos
Rapariga - menina/ garota (Rapariga em Portugal não é pejorativo. Mas "Menina" é!)
O Gajo - o "cara"
Fixe - legal
Bué - muito
Bueda Fixe - muito legal
Giro/Gira - bonito/ bonita
Febras - bife de porco
Bifana - bife de porco no pão
Prego - bife de vaca no pão
Panado - empanado
Talho - açougue
Oregão - oréganos
Carne picada - carne moída
Sumo - suco
Gelado - sorvete
Metro - metrô
Liceu - escola secundária
Guitarra/viola - violão
Controlo - controle
Optimo - ótimo
Reformado - aposentado
Lixívia - cândida
Esferovite - isopôr
Lume - fogo
Paneleiro - gay, viado, bicha,
Bicha - fila
Lésbica - popularmente conhecida no Brasil como "sapatão"...
... e por aí vai...

E depois dizem que falamos a mesma língua! :)

Repararam só na dificuldade em se tomar um café em Portugal? :)

E água então? Quando pedimos água aqui, este pedido vem sempre acompanhado das seguintes perguntas: "Fresca (entenda-se gelada) ou Natural?" "Lisa (entenda-se sem gás) ou com Gás?" E é preciso pedir sempre uma garrafa de água, porque, caso contrário, eles servem um copo com água da torneira. É que em Portugal as pessoas têm o hábito de tomarem água da torneira. Dizem que não há porblema... mas eu, como sou brasileira, e no Brasil sabemos que não devemos tomar água da torneira, confesso que ainda não tive coragem...
(Imagem tirada da Internet)

Episódio 26 - A minha maior dificuldade em Portugal

Quando páro para pensar que na época em que fiz a minha faculdade, não havia computadores (somente máquinas de escrever) e que na época em que trabalhei no jornal "Povo da Beira" não havia câmera fotográfica digital (elas ainda eram com "rolo"/ filme), sinto-me um tanto quanto "jurássica"!

Mas o pior, é que nem passaram tantos anos assim! Em 10 anos, os avanços tecnológicos foram demais! Quem nasce hoje, não conseguirá imaginar que existiu um mundo sem computadores, internet, telemóveis (celulares) e máquinas fotográficas digitais!

Mas apesar de na época em que trabalhei no "Povo da Beira" não haver tecnologia como há hoje, a minha maior dificuldade foi mesmo... a língua!

Primeiro, tinha uma dificuldade muito grande em perceber o que os entrevistados diziam... Se pensam que o português fala com uma pronúncia "esquisita", é porque ainda não conhecem o português que vive no interior de Portugal! Além de variar de região para região, há regiões em que não parece que a população fala português! Tive que ver muita televisão para poder compreender esta maneira de falar e, ainda assim, quando gravava uma entrevista, e a transcrevia, cometia erros crassos, devido a má compreensão. Depois, na hora de escrever, tinha outros problemas... Palavras escritas de forma diferente (como atualidade/ actualidade, ação/ acção), o gerúndio (que quase não se usa cá), enfim...
Penso que hoje escrevo mais como se escreve aqui, mas ainda tenho muito do português que aprendi no Brasil... É mesmo uma mistura!

Então, naquela época, para facilitar a minha vida, resolvi criar um dicionário!

Não perca o próximo episódio e conheça algumas das palavras que compunham este meu dicionário!
(Imagem tirada da Internet)

Episódio 25 - Penamacor - "Terra de Templários"

Uma das estradazinhas que ligam as diversas povoações existentes no Distrito de Castelo Branco, levou-me à Vila de Penamacor, sede do Concelho de mesmo nome.

Uma Vila em Portugal é, "um aglomerado populacional de tamanho intermédio entre a aldeia e a cidade, dotado de uma economia em que o sector terciário (comércio e serviços) tem uma importância relevante. Povoação que não sendo uma cidade é sede de concelho, ou importante centro económico, social e cultural a que foi dada essa categoria". (informações retiradas da wikipédia)

Para descrever a Vila de Penamacor, não encontrei definição mais precisa que esta: "O primitivo conjunto urbano, de ruas estreitas e sinuosas que conserva, ainda, a gravidade dos tempos medievais. Terra de Templários, onde fixou-se e criou raízes uma forte comunidade judaica a partir do reinado de D. Manuel I". (Pedro Salvado)

Estive em Penamacor em  11 de Outubro de 2000 para a assinatura de um "Programa de Divulgação Cultural" realizado entre o Ministério da Cultura e este Município. Esta assinatura tinha como objectivo a construção de uma biblioteca, prevista para ser inaugurada no final de 2001.
Através das minhas pesquisas pela Internet, descobri que esta biblioteca não foi inaugurada em 2001, mas sim, em 2006, pois o edifício que a alberga é um Solar antigo que precisou de obras de recuperação. Tais obras tiveram início em 2002 e terminaram em 2005, sendo que a 14 de Julho de 2006, esta biblioteca foi inaugurada e aberta ao público.

O Solar, que encontrava-se em alto estado de degradação, pertenceu ao Conde de Proença-a-Nova (outro Concelho do Distrito de Castelo Branco), e foi adquirido pelo Governo Português em 1994. Trata-se de um grande sobrado, com imensas instalações, que hoje acolhe uma grande biblioteca.

Apesar do Concelho de Penamacor ter como principal actividade a agricultura, mais especificamente a olivicultura (cultivo das oliveiras), no ano de 2000, muita importância se deu, em todo o Distrito de Castelo Branco, à preservação dos seus patrimónios culturais. Por isso, em Penamacor, para além do "Solar do Conde", encontramos diversas construções antigas e recuperadas, que são as grandes atracções turísticas deste Concelho.
(Foto tirada da Internet)

Episódio 24 - Yes, estradas em S!

Nestas minhas andanças pelo Distrito de Castelo Branco, fazíamos quase tudo através das chamadas "estradas nacionais". Eu sempre achei estranho a sinuosidades destas estradas naquela região... Tinha a impressão de que todas tinham sido construídas em forma de "S"! Então, uma vez, perguntei ao editor do Jornal para o qual eu trabalhava por que razão as estradas eram assim.  Ele então contou-me um história que, até hoje, não sei se foi uma anedota ou se ele estava a falar a sério:
"Quando iniciaram as construções das rodovias portuguesas, os engenheiros eram ingleses e os operários eram portugueses. Como havia uma dificuldade em eles se comunicarem, quando os operários perguntavam aos engenheiros: Senhor, é por aqui?, apontando o caminho por onde deveria abrir a rodovia, o engenheiro respondia: "Yes". Como o operário mal compreendia inglês, entendia "Em S". E assim, ao invez de abrirem as rodovias numa reta, construíam-nas em forma de "S""!

Apesar de engraçada, e do editor do jornal me contar esta história de uma forma muito séria, penso que as estas estradas foram construídas desta forma por tratar-se de um país, em que na época das suas construções, possuia grandes latifúndios que, por sua vez, pertenciam à grandes coronéis. Aliás, o histórico "coronelismo" brasileiro não poderia ter tido outra origem! Assim, para que as estradas não passassem no meio destes grandes latifúndios, elas eram construídas ao redor, contornando estas terras.

Outro motivo para tanta sinuosidade prende-se com as montanhas presentes nesta região. No Distrito de Castelo Branco encontra-se a principal cadeia montanhosa do país: A Serra da Estrela. Portanto, há lugares que só temos acesso através de estradas estreitíssimas, sem acostamento, e que ainda por cima funcionam com duplo sentido (em mão dupla). Nas encostas destas montanhas podemos encontrar diversas plantações de oliveiras. A oliveira (que nos dá as azeitonas, de onde se produz o azeite) é a única árvore no país que qualquer português pode cultivar, mesmo em terras do Estado. Portanto, praticamente toda família que vive nesta região possui uma oliveira! Não é à toa que o melhor azeite de oliva do mundo é produzido alí, na Região da Beira Baixa. Apesar disso, como não há grandes subsídios e incentivos à produção, acaba-se por produzir somente para a subsistência. Esta tem sido a grande falha do governo português, que com a entrada na União Européia, está a ter que "engolir" e produção de azeite de outros países, como a Grécia e a Espanha. Embora tais produções não superem, em qualidade, o azeite de oliva português, elas são comercializadas em Portugal com um preço inferior à produção nacional. Isto porque, diferentemente do governo português, os governos grego e espanhol souberam incentivar a produção dos seus azeites.

Mas continuando as minhas "viagens" pelas estradas da Beira Baixa, reparei que, durante quilómetros, viajámos sem ver uma "alma viva"! Vimos muitas áreas destinadas à caça, muitas cabras e cabritos a pastarem, e algumas plantações esquecidas... Em relação à isso, outra máxima dita pelo meu antigo editor foi: "Como uma país, despovoado como Portugal, conseguiu colonizar países como o Brasil, Angola, Timor...?" De facto, quando pensamos que Pedro Álvarez Cabral saiu do Concelho de Belmonte, que fica no Distrito de Castelo Branco, e descobriu o Brasil, vemo-nos obrigados a indagar: "Mas que povo é este?", ou seria... "Mas que povo FOI este?"
(Foto tirada da Internet)

Episódio 23 - A Saúde em Portugal

Talvez para nós, brasileiros, a cerimónia da "Inaguração duma primeira pedra dum Centro de Saúde" não faça muito sentido... Não estamos acostumados a inaugurar o início de uma obra, mas sim, o seu fim. Se calhar, aprendemos a dar valor somente às coisas já finalizadas, porque precisamos vê-las prontas e a funcionar, para podermos acreditar...

Os Centros de Saúde em Portugal, apesar de andarem um pouco carentes, ainda encontram-se em melhores condições do que os equivalentes no Brasil. Penso que a principal carência destes centros portugueses é a falta de médicos. Primeiro porque é muito difícil um jovem entrar para a faculdade de medicina em Portugal. Aqui, para se entrar na faculdade, não existe "vestibular". Os jovens entram com a média que obtiveram no segundo ciclo (grau). Mas a média para se entrar na faculdade de medicina é muito alta: numa escala até 20, é preciso ter, no mínimo, 19! Por isso, muitos jovens não conseguem entrar e outros vão estudar fora do país e acabam por lá ficar. Os que ficam por cá, ao concluírem a faculdade, optam por trabalharem na capital, ou nos grandes centros urbanos, abandonando o interior do país. Por isso, no interior de Portugal é muito fácil encontrar-se médicos de outras nacionalidades, sobretudo espanhóis. A região da estremadura espanhola é bastante próxima do Distrito de Castelo Branco, o que facilita este intercâmbio.

Os médicos brasileiros, apesar de não terem as mesmas facilidades que os espanhóis (em termos de legalização e fixação no território), também tentam "abocanhar" uma fatia deste mercado de trabalho. Já há algum tempo, a área da Medicina Dentária (Odontologia) em Portugal, conta com um grande número de dentistas brasileiros.

Por isso, a ideia de se investir no sector da saúde, no interior de Portugal, figura-se, justamente, como uma forma de atrair mais médicos para estas regiões. E, apesar de não ter encontrado fotos, na Internet, do "Novo Centro de Saúde em Pedrógão Pequeno", espero que ele tenha ficado pronto e que já esteja a funcionar!
(Imagem tirada da Internet)

Episódio 22 - A minha primeira reportagem em Portugal!

A minha primeira reportagem em Portugal foi feita na Vila de Pedrógão Pequeno, freguesia pertencente ao Concelho da Sertã, um dos doze concelhos que compõem o Distrito de Castelo Branco.

Ruas, ou melhor, vielas, estreitíssimas, com paralelepípedos; casas simples, mal conservadas, que denotam a simplicidade dos seus moradores; povo simples, que deixa as portas e janelas de suas casas abertas; tudo isto remeteu-me a um tempo que, no Brasil, parece já ter ficado para traz... Pelo menos, na região de onde eu vim...

A Vila de Pedrógão Pequeno, como o próprio nome diz, é pequena! Carros quase não se vê, mas cavalos... E prédios? O que é isto?

Tudo isto era muito diferente para mim...

Com o tempo, descobri que em Portugal existem muito mais lugares como este... Aliás, Portugal é um país formado, essencialmente, por lugares como este! Por isso deveria ser um país  "tombado", e assim reconhecido todo o seu valor cultural.

Estive em Pedrógão Pequeno no dia 9 de Novembro de 2000 para o "lançamento cerimonial da primeira pedra do novo Centro de Saúde da Vila". Este evento, por si só, soava um tanto quanto estranho para mim... "Lançamento da primeira pedra?" O que é isto?

Cheguei à Vila por volta das 12h00 e o Presidente da Administração Regional de Saúde da Região Centro (região a qual pertence o Distrito de Castelo Branco), acompanhado por outras autoridades municipais, já encontravam-se no local. Percebi, então, que a cerimónia era "dar a largada" para que as obras neste local fossem iniciadas. Nesta cerimónia, o Presidente explicou aos presentes que, após aproximadamente um ano, haveria naquele local uma nova unidade de saúde, com uma área de cobertura de 200m2 e onde o Governo iria investir 30 mil contos (naquela época ainda eram contos!) Penso que este Centro já deva estar pronto, entretanto, não consegui encontrar nenhuma foto dele na Internet...

Mas naquela época, não pude deixar de estranhar como os presentes ouviam atentamente o discurso do Presidente, enquanto "admiravam" uma área de 200m2 totalmente vazia! Com o tempo percebi que, como o governo português procura sempre divulgar o que faz, a imprensa é sempre muito bem recebida. Por isso, principalmente no interior, onde não acontece muita coisa de relevo, a comunicação social da região faz-se sempre presente. Também compreendi que, quando a população que vive no interior de Portugal é lembrada pelo governo português, a inaguração de uma simples pedra, transforma-se num "Mega evento"! Ainda mais quando trata-se de uma órgão público, que irá beneficiar a saúde dos moradores daquela região...

Por isso, após a "grande solenidade" um lanche preparado pelos próprios moradores foi servido aos presentes. Este lanche continha iguarias bem típicas como: pastéis (bolinhos) de bacalhau, rissóis de camarão, pastéis de nata e etc... Mas o que me chamou mesmo a atenção, foi o facto destas iguarias estarem expostas na mesa desde o início do evento e dos salgadinhos estarem "gelados" na hora em que fomos comê-lo! Afinal, estávamos em Novembro, e o frio já se fazia sentir...
(Foto tirada da Internet)

Episódio 21 - Após a adaptação... é hora de começar a trabalhar!

Bem... Mas passado o período de adaptação, aquele em que começámos a entender como as coisas funcionam, é chegada a hora de começar a trabalhar!

Quando vim para Portugal, confesso que não fazia a menor ideia de que era preciso ter um "visto de permanência" para poder ficar no país, e nem imaginava que isto era tão difícil de se conseguir! Simplesmente... vim! Entrei com o meu passaporte, como turista, e assim permaneci, para além dos 90 dias permitidos, porque não sabia mesmo que era necessário ter um "visto"! Como não era necessário ter "visto" para entrar...
Entretanto, quando decidi procurar um trabalho, tive que correr atrás do tal "visto".

Naquela época, lembro-me que procurei, através da lista telefónica, todos os órgãos de comunicação de Castelo Branco (que não são muitos) e fui levar-lhes o meu currículo pessoalmente. Assim, comecei a trabalhar no jornal "Povo da Beira". Nunca pensei que a principal dificuldade que eu iria encontrar fosse... a língua! Aprendi muito neste jornal, sobretudo, a escrever o português que se escreve em Portugal (que era muito diferente do que se escrevia no Brasil)! Agora, com o "acordo ortográfico", pode ser que, como o tempo, estas diferenças diminuam... Mas acho que ainda irá levar um bom tempo...

Mas enfim... comecei a trabalhar, sem contracto de trabalho, com um salário inferior ao que os jornalistas portugueses recebiam, e correndo o risco de chegar ao fim do mês, e não receber... Mas como tratava-se de um período de aprendizagem, não me importei. Entretanto, se não quisesse continuar a ser explorada, precisava mesmo do tal "visto"! Por isso, passado algum tempo, disse-lhes que só continuaria a trabalhar se me fizessem um contracto. Como naquele tempo fazer um "contracto a termo", com um estrangeiro, pressupunha que a empresa interessada deveria, primeiro, colocar um anúncio no "Centro de Empregos" e, só se não houvesse nenhum português interessado na vaga, poderia-se contractar o estrangeiro, fizeram-me um "contracto de prestação de serviços", porque, deste modo, eu poderia pedir um "Visto de Trabalhador Independente".

Consulado de Portugal em Vigo
Com o contracto feito, agora eu teria que pedir o "visto". Para isto, era necessário sair de Portugal, porque só o Consulado de Portugal pode emitir um visto, e, obviamente, em Portugal, não há Consulado de Portugal! Então, para não precisar voltar ao Brasil, decidi ir até a cidade de Vigo, na Espanha, e foi  no "Consulado de Portugal em Vigo" que solicitei o meu "Visto de Trabalhador Independente". Fazer isto não foi uma tarefa nada fácil, porque para além de ter que juntar uma infinidade de documentos, tive que ir para Vigo duas vezes: Uma para pedir o Visto, e outra para buscar o Visto!

Mas apesar de todas as dificuldades, reconheço que durante este período pude aprender muito sobre a cultura de uma região, que eu nem sequer imaginava existir... Através do meu trabalho conheci todo o Distrito de Castelo Branco, e é nesta viagem que, a partir de agora, vos convido a participar!
(Fotos tiradas da Internet)

Episódio 20 - Diferenças estruturais

Em 2000, os preços dos alimentos e do vestuário em Portugal, não eram muito diferentes dos praticados no Brasil. Hoje, por incrível que pareça, vestir-se em Portugal é muito mais barato do que vestir-se no Brasil!

Outra vantagem encontrada em Portugal prende-se com os preços dos eletromésticos, aparelhos electrónicos, telefones celulares (telemóveis) e dos carros. Além de estar tecnologicamente à frente do Brasil, comprar um computador ou um carro em Portugal, é infinitamente mais barato do que no Brasil!

Em relacção às casas, aí sim, temos vantagens no Brasil. Comprar uma casa no Brasil, ou mesmo alugar, é muito mais barato do que em Portugal. É claro que temos que ter em atenção o local de Portugal de que estamos a falar, bem como de que lugar do Brasil estamos a falar. Em Castelo Branco, por exemplo, alugar um apartamento é muito mais barato do que em Lisboa. Com o preço que pagámos por um apartamento de dois quartos em Castelo Branco, conseguimos alugar somente um quarto em Lisboa!

As construções também variam de lugar para lugar... Na época em que morei em Castelo Branco, reparei que a maioria das construções eram bastante antigas, mas que a cidade estava em expansão. Logo, estavam a nascer dezenas de novas construções na zona periférica da cidade. Como naquela época permitia-se que os prédios, até quatro andares, não tivessem elevador, e em determinadas zonas não era permitido construir edifícios com mais de quatro andares, muitos dos prédios que estavam a nascer, não tinham elevador. Confesso que hoje não sei se isto ainda é permitido... Também era raro encontrar um edifício em que houvesse porteiro. Mas para quê precisamos de porteiro numa cidade como Castelo Branco? Ainda hoje, em todo Portugal, penso que ainda é possível vivermos sem porteiro! Esta é uma das principais mais-valias de se viver neste país: a SEGURANÇA! Deste modo, sem elevador e sem porteiro, os preços dos condomínios em Portugal acabam por ser muito mais baratos do que no Brasil! Mas, quem aluga um apartamento em Portugal, não precisa preocupar-se com o valor do condomínio, porque aqui, quem paga o condomínio, é sempre o proprietário do apartamento, e nunca o inquilino!

Quanto às divisões das casas em Portugal, já referi que é raro encontrar uma casa que tenha área de serviço. As construções mais antigas costumam ter uma sala de estar (aqui chamada "salão") muito grande. Aliás, estas construções costumam ocupar áreas enormes! É muito difícil encontrar-se uma casa antiga em Portugal com área de construção reduzida. Nestas contruções, os banheiros (casas de banho) possuem sempre banheiras (e nunca "box"), com apenas um "chuveirinho", porque pressupõe-se que as pessoas irão tomar banho de banheira, e não de chuveiro! Para quem não tem muito tempo, ou não gosta de tomar banho de banheira, tomar banho de "chuveirinho" não é uma tarefa nada fácil... Mas nada que, com o tempo, paciência e muita imaginação, não se consiga dar a volta!
(Fotos tiradas da Internet)

Episódio 19 - É salsicha? Não, é linguiça! É limão? Não, é lima!

Também encontrei muitas diferenças nos hábitos de higiene e nos hábitos alimentares.

Fiquei a saber que, até muito pouco tempo, ainda existiam casas no Distrito de Castelo Branco, que não possuiam água canalizada (encanada) e que, por isso, muitas pessoas ainda não tinham o hábito de tomar banho todos os dias.

Pastéis de Nata
Quanto à alimentação, o "pequeno-almoço" (nosso "café da manhã") é basicamente como o nosso, com a diferença que os portugueses não têm o hábito de comerem o nosso tão comercializado "pão francês". Mas existe uma variedade de pães e bolos, e o que eles chamam de "pastéis", que não tem nada haver com os nossos pastéis. Pastéis em Portugal são doces feitos, normalmente, com uma massa folheada e recheado de doce de ovos ou amêndoa. Os mais conhecidos são os Pastéis de Belém (marca registada) que também são produzidos por outras "pastelarias" com o nome de "Pastéis de Nata".

E por falar em doces, a base dos doces feitos em Portugal são, quase sempre, açucar e ovos. Um português explicou-me, que a utilização de muitos ovos na confecção dos doces prende-se com o facto do país ter sido muito pobre, o que levou às pessoas produzirem estes doces com os ovos provenientes das suas próprias criações de galinhas.

"BICA"
O café em Portugal foi algo que me surpreendeu! Eu não imaginava mas, o café que se toma em Portugal é infinitamente melhor do que o que tomamos no Brasil! E também não imaginava que o português bebesse TANTO café (popularmente conhecido como "BICA")! Estou a falar de "café expresso", que encontramos em qualquer lugar, e com um preço bastante acessível, se compararmos com o preço que se pede por este tipo de café no Brasil! Infelizmente, penso que o povo brasileiro não conhece o café brasileiro de qualidade, porque este deve ir todo para exportação!

Outra coisa que me chamou muito a atenção é que, normalmente, em festas, casamentos, e mesmo nas lanchonetes, salgadinhos como, croquetes, rissóis, etc, são servidos frios! No Brasil, se nos servem um salgado frio, não conseguimos comê-lo! :)

Presunto
Nos almoços e jantares, podemos comer como "entrada" o famoso presunto português (estilo o parma italiano ou o jamom espanhol) e ainda os deliciosos "enchidos" (nossos embutidos). Vale dizer que, o que chamamos de presunto no Brasil, aqui é conhecido por fiambre, e que nos diferentes tipos de embutidos, o que chamamos de salsicha no Brasil, os portugueses chamam de linguiça, e o que chamamos de linguiça,  eles chamam de salsicha! (Essa troca de nomes é engraçada... neste mesmo sentido, o que no Brasil chamamos de limão, os portugueses chamam de lima, e o que chamamos de lima, eles chamam de limão!)

Atum fresco no "Mercado do Lavradores", na Madeira
Foto Juliana Iorio
Após as entradas, faça frio ou calor, o português tradicional não dispensa uma sopinha! É nela que, normalmente, comem-se as verduras e legumes necessários em uma refeição, visto que, por cá, não se tem muito o hábito de comer-se saladas. O prato principal pode ser carne ou peixe. Entendamos por carne, carne de vaca, porco, cabrito, frango, etc; e entendamos por peixe uma variedade de peixes tão grande, que não conseguiria descrevê-los aqui... Apesar da imensa costa brasileira, temos o hábito de comer "peixe", sem nos preocuparmos muito com que tipo de peixe estamos a comer. Em Portugal, nunca se come "peixe", mas sim "a dourada", "o robalo", "a garoupa", "a cavala", "o salmão", "a sardinha" (fresca, e não de lata!), "o atum" (freco, e não de lata!), etc... aqui também come-se muito marisco, e a variedade existente é infinitamente maior do que a que conhecemos no Brasil. Para acompanhar, a guarnição mais comum é a batata. Seja ela, frita, assada ("ao murro") ou cozida, o português come muita batata! Eu diria que a batata está para o português, como o arroz está para o brasileiro!

Queijo Amanteigado da Serra da Estrela
Outra diferença que nos saltam às vistas é o momento da refeição em que os portugueses comem queijo (curado ou amanteigado, de preferência da zona da "Serra da Estrela") e bebem wisque. O queijo, normalmente, é servido após a refeição, antes da sobremesa, e o wisque também é servido após a refeição, e não antes como é hábito no Brasil, porque é considerado um digestivo e não um aperitivo.

Quando cheguei aqui, há cerca de 10 anos, e ainda por cima em Castelo Branco, tinha muito dificuldade em encontar "fast foods" (pizzarias, hamburguerias, etc), e restaurantes que não fossem de comida tradicional portuguesa. Hoje, felizmente, isto mudou! Também naquela época, não encontrávamos nos supermercados comidas prontas, temperos prontos, molho de tomate pronto, queijo parmesão ralado, leite condensado, coca cola light, etc... Hoje, tudo isto já pode ser encontrado, com facilidade, nos supermercados portugueses. Ainda bem! :)

(Imagens tiradas da Internet)

Episódio 18 - "Roupas na Janela"

O período de adaptação em outro país, aproximadamente os dois primeiros meses, é, certamente, o mais difícil. Neste período temos o hábito de comparar os costumes do país em que estamos a viver, com os do nosso país de origem, e isto, é o pior erro que podemos cometer! Uma das coisas mais certas que já ouvi, foi dita por um brasileiro que viveu e, infelizmente, morreu em Portugal: "Quando deixamos o Brasil, devemos esquecer todos os hábitos e costumes brasileiros para conseguirmos nos inserir nos hábitos e costumes do país de acolhimento. O brasileiro que não consegue fazer isto, dificilmente conseguirá se adaptar num outro país, e ser feliz!"

Rodo
Mas esquecer os nossos hábitos e cotumes, é muito mais difícil do que podemos imaginar... É como se nascêssemos de novo!

Brasil e Portugal são dois países, apesar de todas as semelhanças, muito diferentes. E esta diferença nota-se nas coisas mais simples! Quando cheguei à Castelo Branco, sentia falta, por incrível que pareça, de coisas simples como, "ralo" na casa de banho (banheiro) e na cozinha, "rodo" e pano de chão! Em Portugal não costuma-se jogar água e depois puxar com o rodo! Aqui, passasse o "esfregão" com água e detergente e, se for preciso, passasse ele novamente para enxaguar. É assim que as coisas funcionam.

Esfregão
Aqui em Portugal, a maioria das residências também não possui uma área de serviço, como no Brasil, onde temos um tanque, onde colocamos a máquina de lavar roupa, e onde temos um varal para estender a roupa. Aqui, a máquina de lavar roupa fica, normalmente, na cozinha, e a roupa é estendida num varal que fica do lado de fora da janela. Aliás, este é um símbolo tipicamente português: Roupas estendidas do lado de fora das janelas! E se precisámos lavar alguma roupa na mão, isto tem que ser feito no lavatório (pia) da cozinha ou da casa de banho.

Mas para além destas coisas simples, percebi logo que, uma cidade como Castelo Branco, ainda conserva hábitos um tanto quanto conservadores, para nós, brasileiros. Por exemplo, as viúvas, já com uma certa idade, ainda mantém o hábito de vestirem-se de preto pelo resto de suas vidas. Naquela época, também não se via muitas mulheres de "shorts" (calções) e mini-saias pela cidade... Hoje, penso que, neste aspecto, as coisas já estão bem melhores!
(Imagens tiradas da Internet)

Episódio 17 - O início de uma vida nova

Para quem não tem carro, fazer uma viagem de Salamanca para Castelo Branco, não é nada fácil...
São horas de viagem, em ônibus/ autocarro, que nos leva por estradazinhas, e que pára em TODAS as aldeias que encontra pelo caminho...

Mas enfim, após horas sem conta de viagem, cheguei à Castelo Branco, uma cidadezinha com cerca de 30 649 habitantes, localizada no interior de Portugal. Neste momento, começava uma vida nova para mim! Sabia que iria morar num país que, talvez, devido a lingua e a cultura, não fosse muito diferente do Brasil... Mas, na realidade, de Portugal só conhecia Lisboa, o Rio Tejo, e já havia ouvido falar sobre a cidade do Porto, a Universidade de Coimbra e a Região de Trás-os Montes. Mas, de facto, não podia imaginar o que me esperava...

Era Agosto, época de verão em Portugal, e na Região da Beira Interior, quando faz calor, faz mesmo MUITO calor! É um verão seco, bem diferente do qual eu estava acostumada... Talvez, se tivesse vindo do sertão nordestino, não estranhasse tanto! Em compensação, eu ainda não sabia que o inverno que me esperava, seria tão rígido, se não pior, do que verão! Em suma, após algum tempo em Castelo Branco, eu aprendi que: "Nesta cidade, ou morremos de calor, ou morremos de frio!" :)

Lembro-me de que quando lá cheguei, uma das primeiras coisas que reparei foi no horário de funcionamento do comercio. Lá, o comércio abre às 9h00 e fecha às 13h00 para o almoço, só voltando a reabrir as suas portas às 15h00. Portanto, no período entre as 13h00 e as 15h00, a cidade parece uma "cidade fantasma". Em Lisboa isto também acontece em alguns estabelecimentos comerciais, mas como se trata de uma cidade com outra dimensão, quase não damos por isso. Para mim, que vim de uma cidade como Campinas, que apesar de estar localizada no interior de São Paulo, possui mais de um milhão de habitantes e uma vida comercial que não pára (não pára mesmo!), foi muito estranho deparar-me com esta nova realidade... Mas, com o tempo, entendi que o comércio que funciona desta forma em Portugal, funciona assim porque, geralmente, são os próprios donos e seus familiares que estão a frente dos seus negócios. Tratam-se de empresas familiares e, por isso, quando a família pára para almoçar, o estabelecimento tem que fechar!

Sendo assim, o leitor deve estar a imaginar que o atendimento nestes estabelecimentos são "de primeira"! Lamento decepcioná-lo mas, infelizmente, nem sempre isto é verdade... Sendo a população de Castelo Branco, na sua maioria, muito simples, senti que lhes faltava algum preparo, "traquejo", para atender ao público. Na realidade, a primeira impressão que temos é que se tratam de pessoas "sem educação". No entanto, com o tempo, percebemos que o modo de ser do povo "albicastrense" (é assim que chamam-se as pessoas que nascem em Castelo Branco) é mesmo assim, mas que isto não significa que este povo não tenha educação... Como já referi, trata-se de um povo simples, frontal, que diz o que pensa sem rodeios, e, por isso, as vezes pode não agradar...

Mas tudo isso torna-se compreensível quando consideramos a História de Portugal e, principalmente, do interior deste país. No interior de Portugal nunca houve grandes investimentos por parte do Governo. Este sempre preferiu investir na capital (Lisboa), centralizando a vida economica de Portugal nesta cidade. O interior de Portugal sempre foi mais agrícola, sendo a Região do Alentejo, durante muitos anos, conhecida como o "Celeiro do País". É por isso que hoje a grande Lisboa encontra-se sobrelotada, enquanto que o interior está cada vez mais desertificado... É certo que o "inchaço" deste grande centro urbano fez com que, nos últimos anos, o Governo começasse a pensar em requalificar o interior, através de um projecto chamado "Polis" e através da construção de mais estradas. No entanto, isto não foi suficiente para convencer as pessoas, de que a vida no interior de Portugal pode ser melhor do que na capital.
Outro dado histórico que talvez explique a falta de preparo e "traquejo" da população que vive no interior de Portugal foi o regime ditatorial vivido por este país até 1974. Toda forma de opressão faz com que as pessoas tenham mais dificuldade em se exprimir... Toda forma de ditadura é ruim, seja ela de direita ou de esquerda.
(Imagens tiradas da Internet)