Sempre o Tempo!!!!

Cantaria Jorge Palma « O tempo nunca existiu, o tempo é nossa invenção », pois isto só pode ser uma má invenção, porque nada pior do que a falta de tempo, sobretudo quando precisamos, e muito, de tempo para nós próprios... Mas também disse « O tempo somos nós...»


Frida Kahlo - Raizes

Estou a tentar ter tempo para fazer uma viagem,para dentro de mim, mas a falta de tempo não me deixa ter tempo pra mim!
Que raio de invenção esta do tempo...
E pela falta de tempo, só tenho mesmo tempo para deixar aqui um poema de Ary dos Santos, que li à pouco tempo :)
E dentro de algum tempo, voltarei a escrever...

Ary dos Santos - Meu Amor, Meu Amor

«Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.
Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos do nosso entristecer.
Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento
este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.»

Uma Inquietação... um Medo!


Não estou de todo inspirada para escrever, se é que para escrever é preciso inspiração...mas tenho vontade, sinto-me inquieta e já desde há algum tempo que esta dúvida me assola...passo os dias a pensar nesta música, está sempre na minha cabeça!Ecoa...e há la coisas...

Ouço muito e sobretudo quando estou no meu porto de abrigo um CD do Palma, ouço repetidamente e ainda mais repetidamente a música, Sonhadores Inatos (fascina-me aquele som de clarinete) e porque sou uma eterna sonhadora...a bem da verdade!

Mas, não somos todos!?!

Sou fascinada pela música, Na Terra dos Sonhos...ou Quem és tu de novo, mas sem querer só tenho na cabeça O Bairro do Amor... curioso é que nem me lembro da última vez que a ouvi, no entanto tenho-a na cabeça!

Sinto-a mais presente ainda, desde que um amigo, a propósito da ultima «reflexão», me disse...nota-se em ti o medo da solidão!E isso é uma coisa que só apareçe com o avanço da idade...assim foi!E então entendi porque... é o insconciente deste medo da Solidão.

Mesmo não querendo e muitas vezes nem estando, é assim, uma realidade que me assola!Um medo gigante e que tento sempre transpor!

O ser humano pode não estar «predestinado a viver aos pares», mas não está certamente preparado para viver e lidar com a solidão!Isto é também o claro reflexo das maldades para não dizer atrocidades e egoísmos das pessoas.

É o que sinto e sobre isto tive vontade de escrever...E apesar de gostar da minha companhia e de estar comigo própria...quero desacreditar aquela frase que diz mais ou menos isto...só eu mesmo me acompanho por toda a vida!

Embora a actual sociedade com todos os seus contornos nos leve por esse caminho...só tenho que fugir dele e encontrar o meu...


O Bairro do Amor - JP


« No bairro do amor a vida é um carrossel
Onde há sempre lugar para mais alguém
O bairro do amor foi feito a lápis de côr
Por gente que sofreu por não ter ninguém

No bairro do amor o tempo morre devagar
Num cachimbo a rodar de mão em mão
No bairro do amor há quem pergunte a sorrir:
Será que ainda cá estamos no fim do Verão?

Eh, pá, deixa-me abrir contigo
Desabafar contigo
Falar-te da minha solidão
Ah, é bom sorrir um pouco
Descontrair-me um pouco
Eu sei que tu compreendes bem


No bairro do amor a vida corre sempre igual
De café em café, de bar em bar
No bairro do amor o Sol parece maior
E há ondas de ternura em cada olhar

O bairro do amor é uma zona marginal
Onde não há hotéis nem hospitais
No bairro do amor cada um tem que tratar
Das suas nódoas negras sentimentais

Eh, pá, deixa-me abrir contigo
Desabafar contigo
Falar-te da minha solidão
Ah, é bom sorrir um pouco
Descontrair-me um pouco
Eu sei que tu compreendes bem »

Afinal, os dias não são apenas Outonos...




Ouvindo Amélie, talvez seja do som do acordeão, tive a sensação que há dias em que sentimos que a nossa vida é um tremendo dia de Outono, para não dizer de Inverno! E foi uma sensação claramente arrepiante!
Mas nos meus pensamentos foram surgindo que, afinal, mesmo esses dias são importantes e compoem a Estação da vida.
Todas as quatro, são necessárias ao nosso crescimento interior e, se bem analisadas, não são apenas cinzentas, castanhas ou amarelas... num dia de Outono também pudemos encontrar beleza mesmo nos tons e não apenas neles. Devemos pensar que se agora as folhas estão amarelas e caindo, ainda assim, foram verdes e cheias de vida e haverá uma próxima estação em que voltarão a ser...é também assim o ciclo da vida.
Poderia ate readaptar a tão celebre frase de Lavoisier para «Na natureza como na Vida, tudo se cria, nada se perde, tudo se transforma»!
Assim, que venha em breve e de novo a Primavera... Essa maravilhosa estação e que possa vive-la com a intensidade e o entusiamo que lhe é devido, com a alegria de tudo que é novo e fresco...como a manhã de um lindo dia de sol!

Deixo este poema...

«Primaveras e Verões»

Não importa o que aconteça
Vou amar igual
Todas as vezes
Que eu ainda merecer
A lucidez da paixão
É preciso não ter medo
Nunca é cedo ou tarde
Enquanto
A inquietação se manifesta
Tudo é festa, o fogo arde
Se a sorte assim quiser
E o amor sincero
Der o ar da sua graça
O infinito encantamento
Lá estará
À nossa espera
O sol abrindo as suas cores
Primaveras e verões
O florecer das emoções
Manhã de um dia lindo
Ah...

(Guilherme Arantes)

Não há soluções...há caminhos!


Recebi neste dia, uma frase Saint Exupèry, esse génio que escreveu O Principezinho, «Viver é nascer lentamente», e porque afinal hoje nasci, passados estes 30 anos, tenho que agradecer, não só aqueles que sempre presentes, mesmo na distância, pertencem à minha vida, a eles devo tudo (os meus pais), mas também aqueles que fazem parte dessa nova familia, que fui construindo, ao nascer todos os dias um bocadinho....


Deixo Miguel Torga aos amigos, com o meu Muito Obrigada...é simples, pois sou eu!:)


SEGREDO

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...