A primeira vez que fui assaltada em Portugal!

Eu já tinha sido roubada em Portugal, mas assaltada não!
Uma vez, roubaram-me o telemóvel (celular), quando eu estava subindo as escadas rolantes do metro. Estava distraída, com a mochila nas costas, e o telemóvel estava no fecho da frente. Abriram-me o fecho e eu só senti quando o acto já estava consumado. Olhei fixamente para a pessoa, mas não tinha evidências. Depois, até encontrar um polícia, obviamente que a pessoa em questão já havia desaparecido!

Mas desta vez, também durante o dia, andando pelas ruas do bairro onde moro, um rapaz passou correndo e puxou a minha correntinha. Também estava distraída, conversando com um amiga, e levei um susto devido a violência do acto. O que mais me irritou é que não era nada de valor comercial! Mas, para mim, tinha valor... sentimental... Por isso, sei que há uns metros dalí, muito provavelmente, a correntinha seria jogada no lixo! Ainda cheguei a gritar: "Isso não tem valor não!", mas tudo foi tão rápido e tão bruto, que comecei a pensar, "Meu Deus, será que estou a correr risco de vida, ao usar bijouterias douradas?"

Esse negócio de achar que estamos seguras em Portugal, faz com que andemos menos atentas. Eu notei que não tive reflexos, e isso me deu um pouco de medo, no caso de um dia eu retornar ao Brasil... Vou ter que reaprender a viver "sempre alerta"! E acho que, infelizmente, esta reaprendizagem terá de começar aqui...

Mudar é preciso...

... e pode ser positivo!

Há pouco tempo descobri que as mudanças nem sempre são ruins.

Eu, uma pessoa totalmente resistente às mudanças, percebi que já perdi muito tempo procurando manter o estado actual das coisas...

Mas afinal, por que é tão difícil mudar? Por que é tão difícil acreditar que uma mudança pode ser positiva? Por que somos tão resistente às mudanças se, no final, nos damos conta que elas acontecem muito mais facilmente do que as imaginámos? Por que demoramos tanto tempo para mudar? Por que perdemos tanto tempo?

Penso que a resposta está numa palavrinha chamada "MEDO"!
E MEDO de quê?
De uma outra palavrinha chamada "DESCONHECIDO"!

A mudança sempre nos leva para o desconhecido... Podemos até pensar que sabemos aonde a mudança irá nos levar, mas a verdade é que nunca podemos ter a certeza... Podemos ser optimistas e acreditar que a mudança será para melhor, mas como não temos a certeza, sempre ficamos com um "friozinho" na barriga...

No entanto, visto que nada na vida é certo; que o futuro à Deus pertence, e que nunca podemos ter a certeza do que nos irá acontecer, TER MEDO DO DESCONHECIDO FAZ ALGUM SENTIDO?

Descobri mais uma "coisa" que os argentinos fazem melhor do que os brasileiros...

Acabo de descobrir que, para além do Doce de Leite, os argentinos conseguiram fazer mais uma "coisa" melhor do que os brasileiros! Trata-se do filme "O Segredo dos Seus Olhos", que ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro este ano, e que é, simplesmente, MARAVILHOSO! Temos que dar o braço a torcer, mas, desta vez, os nossos "hermanos" se superaram! Vale a pena conferir!
"El Secreto de Sus Ojos" é um filme de José Campanella, director também do famoso filme "El hijo de la novia" (O Filho da Noiva).
Veja abaixo o trailer do filme:


Este vídeo está disponível no Youtube

Até onde podemos e devemos ir?

Ando um pouco preocupada com o facto de utilizar em meus blogs, imagens que circulam pela Internet.
A pergunta que não quer calar é: Até onde podemos e devemos ir?

Portanto, resolvi enviar um e-mail para o Sindicato dos Jornalistas de Portugal, perguntando se existe algum Código de Ética ou Deontologia, que diz o que posso e o que não posso publicar na minha rede social ou no meu blog.

Em resposta, o Sindicato alertou-me que, sobre a utilização de textos ou fotos é necessário ter o máximo cuidado porque, habitualmente, esses materiais estão protegidos pelo direito de autor, e não podem ser utilizados sem a respectiva autorização deste, sob pena de se poder incorrer um processo judicial.
Não existe nenhum Código de Ética ou Deontogia específico para isto. O Código que existe é para os Jornalistas. No entanto, as leis que protegem os direitos de autor podem ser aplicadas à qualquer pessoa. Por isso,  só se deve utilizar em blogs e redes sociais os textos e fotos que são de utilização livre, e mesmo para estes deve-se, SEMPRE, citar a fonte.

Mas como saber quando um texto e/ou uma foto possui "utilização livre"?
Por exemplo: quando pesquisamos imagens no google, aparecem dezenas delas. Muitas, nem se quer apresentam o nome do autor. Neste caso, será que podemos admitir que estas imagens possuem "utilização livre"?

Ainda segundo o Sindicato, a Internet é um meio recente, e ainda levanta algumas dúvidas. De facto, muitas vezes não conhecemos a origem da foto, nem se está protegida ou não, neste caso é melhor não arriscar... Por isso, é necessário alguma cautela e "bom senso".
Tenho procurado utilizar o "bom senso" e, por isso, quando publico uma imagem que não é de minha autoria, e não sei o nome do autor, procuro colocar que ela foi tirada da Internet. Penso que o bom senso nos obriga, SEMPRE, a divulgarmos a fonte. E, em material que circula pela Internet, a fonte pode ser o autor, quando este assina, ou a própria Internet, quando não há qualquer tipo de referência. No entanto, julgo que, a partir do momento que a imagem circula pela Internet, sem qualquer tipo de protecção, não temos que ter autorização para publicá-la. Ela já está lá, publicada, a circular livremente, e ao alcance de qualquer um que queira utilizá-la. Por isso, a menos que esteja explicitamente especificado que é proibida a utilização daquele conteúdo, penso que não estejámos a fazer nada de errado.
Enquanto não houver uma lei específica que proteja os conteúdos que circulam pela Internet, tais conteúdos serão sempre vulneráveis e passíveis de plágio. Deste modo, a ética e o bom senso nos diz que devemos, SEMPRE, referir a fonte do que publicamos, nem que esta seja: "Artigo ou Imagem encontrada a "vaguear" pela Internet".

Agosto em Portugal = Incêndios em Portugal

Uma coisa que eu nunca entendi em Portugal são os incêndios durante o verão.

Todo verão é a mesma coisa: Nuns mais, noutros menos, mas em todo verão acontecem incêndios!

Algumas pessoas dizem tratar-se de "fogo posto", ou seja, pessoas que ateiam fogo de propósito. Mas eu já reparei que, mesmo aqueles que não ateiam fogo, gostam de ver de perto "o circo, neste caso a mata, pegar fogo"!

Quando morei em Castelo Branco, presenciei muitos incêndios. Lembro-me duma vez em que o céu da cidade ficou tão encoberto pelas cinzas, que era quase impossível respirar! Se deixássemos as janelas de casa aberta, além de entrar muita fuligem, o fumo era sufocante. Tínhamos que colocar bacias com água espalhadas pela casa, para o ar não ficar tão seco. Então, a solução era sair de casa. Mas sair de casa para ir aonde, se toda a cidade estava assim? A solução era ir até ao Castelo (ponto mais alto da cidade), de onde era possível ver a extenção do fogo e ficar lá, com o resto da cidade, "admirando" e comentando sobre aquele "espectáculo"! Que coisa mais estranha... É certo que o fogo, visto de longe, tem a sua beleza... Mas uma pessoa consciente não consegue ver beleza quando o fogo está a destruir quilómetros e quilómetros de hectares... No entanto, haviam pessoas que, mesmo sem serem repórteres fotográficos, levavam máquina fotográfica para documentarem aquele momento...

Outra vez, lembro-me que fui passar o dia em uma praia fluvial do Distrito de Castelo Branco, e na volta deparei-me com a estrada interditada por causa do fogo. Tivemos que descobri outro caminho para voltar para casa, e a sorte é que havia outro caminho! Caso contrário, teríamos ficados "ilhados". Mas o que mais me chamou a atenção foi que, haviam dezenas de pessoas, na mesma situação que nós, que já lá estavam há algum tempo, parados, a observarem o fogo que avançava pela estrada. Parece que estavam todos hipinotizados! Só quando os bombeiros obrigaram a sair dalí, é que todos foram embora.

Qual o prazer em ficar-se parado diante de algo que nos deixa tão impotentes quanto o fogo? Isso me assuta!
(Imagens tiradas da Internet)

Ainda em Agosto...

Mas Agosto também é o mês onde, mesmo sem se sair de férias, pode-se aproveitar a cidade onde se vive em Portugal. Apesar de muitos lugares estarem "encerrados para férias", ainda se encontra algumas opções.

Muitas cidades oferecem, durante esta época do ano, as famosas "Touradas Portuguesas" (onde o cavaleiro toureira, mas não mata o touro). Estes espectáculos, por serem ao ar livre, são muito agradáveis nestas noites de calor.
"Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa"
Para quem gosta de petiscar, esta época do ano também oferece "iguarias" que não se encontram em nenhuma outra época. Falo dos caracóis e dos "joaquinzinhos" fritos!
"Caracóis"
"Joaquinzinhos fritos"
Fotos por Juliana Iorio

Agosto - o mês da contradição em Portugal

Terei de fazer uma pausa nos episódios sobre a minha vida em Portugal, porque agora é verão, férias, e não poderei deixar passar este mês de Agosto sem contar as particularidades desta época do ano em Portugal!

Agosto é mês de férias em Portugal. Férias escolares e, porque normalmente é o mês mais quente do ano, os portugueses, TODOS, gostam de tirar férias nesta época do ano. Um pouco como o nosso Janeiro no Brasil...

No entanto, a contradição a que me refiro no título deste artigo está no facto de Portugal ser um país turístico, destino de muitos que escolhem esta época do ano para visitá-lo e, por coincidir com as férias dos portugueses, muitos dos lugares  encontrarem-se encerrados. Ora, encerrar, por exemplo, um restaurante durante o mês de Agosto, período em que, provavelmente, haverá mais procura, parece-me uma contradição... Ainda mais quando o "assunto do ano" tem sido a famigerada "Crise"! É certo que muitos portugueses saem de Portugal... Mas também é certo que muitos turistas entram em Portugal!

É lógico que os portugueses também têm direito à férias! É sabido que muitos, por manterem negócios de família, encerram seus negócios durante as férias porque querem tirar "férias em família". E também é natural que eles queiram tirar férias durante o verão. Mas tem, MESMO, que ser em Agosto? É que além de enfrentar-se um calor insuportável, em qualquer lugar de Portugal que se vá nesta época do ano (e a escolha da maioria recai sobre a Região do Algarve), paga-se, TUDO, muito mais caro! Logo, quem não têm filhos na escola, e portanto, não é "obrigado" a tirar férias esta época do ano, tem, MESMO, que sair de férias em Agosto?

Episódio 27 - O meu Dicionário!

Português de Portugal X Português do Brasil

Abalroado - batido
Alcatroado - cimentado, pavimentado
Rebuçados - balas doces
Politiquices - "jogo político"
Quelha - calha, viela, beco
Saber - não o verbo, mas palavra usada para definir um sabor: "Sabe a banana" - Tem gosto de banana.
Prenda - presente
Telemóvel - celular
Autocarro - ônibus
Comboio - trem
Mota - moto
Carrinha - "van"
Camião - caminhão
Escola de condução - auto-escola
Conduzir - dirigir
Travão - freio
Travar - freiar
Troço - trecho
Peões - pedestres
Presidente de Câmara - prefeito
Câmara Municipal - prefeitura
Autarquia - administração autónoma
Edilidade - vereação
Moção - proposta
Ganga - jeans
Cuecas para mulher - calcinhas
Rabo/ cú - bunda
Collant - meia-calça
Peugas - meias
Carteira/ Mala/ Saco - bolsa feminina
Camisola - camiseta
Chinela - chinelo
Jaleco - avental de trabalho
Fato - terno
Facto - o nosso fato/ acontecimento
Canalizador - encanador
Sandes - sanduíche
Tosta mixta - mixto quente
Chávena - xícara
Bica - café expresso (pode ser Italiana (com 1/3 da xícara com café), Normal (com metade da xícara com café) ou Cheia (com a xícara cheia), e ainda pode ser servida em Chávena Escaldada (xícara quente)
Garoto - Café com leite servido em xícara de café
Galão - café com leite servido em xícara grande
Pingado - café expresso com um "pingo" de leite
Meia de Leite - Café com leite, sendo que meia xícara é de café e a outra metade é de leite
Imperial - chopp
Digitalizar - scannear
Xerox - fotocópia
Caloiro - calouro
Registar - Registrar
Aluguer - Aluguel
Encenador/ Realizador - director
Actor secundário - ator coadjuvante
Bilheteira - bilheteria
Banda Desenhada - história em quadrinhos
Cromo - figurinha
Médico Dentista - dentista
Medicina Dentária/ Estomatologia - odontologia
Cimeira - conferência
Paquete - barco a vapor
Churrasqueira - casa que vende frango assado
Pastelaria - casa que vende pães e bolos (Padaria aqui só vende pão!)
Fabrico - fabricação
Drogaria - casa que vende materiais para construção
Lavandaria - lavanderia
Descapotável - conversível
Loiça - louça
Oiça - ouça
Equipa - equipe
Golo - gol
Baliza - trave
Guarda redes - goleiro
Treinador - técnico
Copa do Mundo - mundial
Casa de banho - banheiro
Creme dental - pasta de dentes
Cortinado - cortina
Candieiro - abajour
Polícia - o policial
Miúdo - criança
Putos - meninos
Rapariga - menina/ garota (Rapariga em Portugal não é pejorativo. Mas "Menina" é!)
O Gajo - o "cara"
Fixe - legal
Bué - muito
Bueda Fixe - muito legal
Giro/Gira - bonito/ bonita
Febras - bife de porco
Bifana - bife de porco no pão
Prego - bife de vaca no pão
Panado - empanado
Talho - açougue
Oregão - oréganos
Carne picada - carne moída
Sumo - suco
Gelado - sorvete
Metro - metrô
Liceu - escola secundária
Guitarra/viola - violão
Controlo - controle
Optimo - ótimo
Reformado - aposentado
Lixívia - cândida
Esferovite - isopôr
Lume - fogo
Paneleiro - gay, viado, bicha,
Bicha - fila
Lésbica - popularmente conhecida no Brasil como "sapatão"...
... e por aí vai...

E depois dizem que falamos a mesma língua! :)

Repararam só na dificuldade em se tomar um café em Portugal? :)

E água então? Quando pedimos água aqui, este pedido vem sempre acompanhado das seguintes perguntas: "Fresca (entenda-se gelada) ou Natural?" "Lisa (entenda-se sem gás) ou com Gás?" E é preciso pedir sempre uma garrafa de água, porque, caso contrário, eles servem um copo com água da torneira. É que em Portugal as pessoas têm o hábito de tomarem água da torneira. Dizem que não há porblema... mas eu, como sou brasileira, e no Brasil sabemos que não devemos tomar água da torneira, confesso que ainda não tive coragem...
(Imagem tirada da Internet)

Episódio 26 - A minha maior dificuldade em Portugal

Quando páro para pensar que na época em que fiz a minha faculdade, não havia computadores (somente máquinas de escrever) e que na época em que trabalhei no jornal "Povo da Beira" não havia câmera fotográfica digital (elas ainda eram com "rolo"/ filme), sinto-me um tanto quanto "jurássica"!

Mas o pior, é que nem passaram tantos anos assim! Em 10 anos, os avanços tecnológicos foram demais! Quem nasce hoje, não conseguirá imaginar que existiu um mundo sem computadores, internet, telemóveis (celulares) e máquinas fotográficas digitais!

Mas apesar de na época em que trabalhei no "Povo da Beira" não haver tecnologia como há hoje, a minha maior dificuldade foi mesmo... a língua!

Primeiro, tinha uma dificuldade muito grande em perceber o que os entrevistados diziam... Se pensam que o português fala com uma pronúncia "esquisita", é porque ainda não conhecem o português que vive no interior de Portugal! Além de variar de região para região, há regiões em que não parece que a população fala português! Tive que ver muita televisão para poder compreender esta maneira de falar e, ainda assim, quando gravava uma entrevista, e a transcrevia, cometia erros crassos, devido a má compreensão. Depois, na hora de escrever, tinha outros problemas... Palavras escritas de forma diferente (como atualidade/ actualidade, ação/ acção), o gerúndio (que quase não se usa cá), enfim...
Penso que hoje escrevo mais como se escreve aqui, mas ainda tenho muito do português que aprendi no Brasil... É mesmo uma mistura!

Então, naquela época, para facilitar a minha vida, resolvi criar um dicionário!

Não perca o próximo episódio e conheça algumas das palavras que compunham este meu dicionário!
(Imagem tirada da Internet)

Episódio 25 - Penamacor - "Terra de Templários"

Uma das estradazinhas que ligam as diversas povoações existentes no Distrito de Castelo Branco, levou-me à Vila de Penamacor, sede do Concelho de mesmo nome.

Uma Vila em Portugal é, "um aglomerado populacional de tamanho intermédio entre a aldeia e a cidade, dotado de uma economia em que o sector terciário (comércio e serviços) tem uma importância relevante. Povoação que não sendo uma cidade é sede de concelho, ou importante centro económico, social e cultural a que foi dada essa categoria". (informações retiradas da wikipédia)

Para descrever a Vila de Penamacor, não encontrei definição mais precisa que esta: "O primitivo conjunto urbano, de ruas estreitas e sinuosas que conserva, ainda, a gravidade dos tempos medievais. Terra de Templários, onde fixou-se e criou raízes uma forte comunidade judaica a partir do reinado de D. Manuel I". (Pedro Salvado)

Estive em Penamacor em  11 de Outubro de 2000 para a assinatura de um "Programa de Divulgação Cultural" realizado entre o Ministério da Cultura e este Município. Esta assinatura tinha como objectivo a construção de uma biblioteca, prevista para ser inaugurada no final de 2001.
Através das minhas pesquisas pela Internet, descobri que esta biblioteca não foi inaugurada em 2001, mas sim, em 2006, pois o edifício que a alberga é um Solar antigo que precisou de obras de recuperação. Tais obras tiveram início em 2002 e terminaram em 2005, sendo que a 14 de Julho de 2006, esta biblioteca foi inaugurada e aberta ao público.

O Solar, que encontrava-se em alto estado de degradação, pertenceu ao Conde de Proença-a-Nova (outro Concelho do Distrito de Castelo Branco), e foi adquirido pelo Governo Português em 1994. Trata-se de um grande sobrado, com imensas instalações, que hoje acolhe uma grande biblioteca.

Apesar do Concelho de Penamacor ter como principal actividade a agricultura, mais especificamente a olivicultura (cultivo das oliveiras), no ano de 2000, muita importância se deu, em todo o Distrito de Castelo Branco, à preservação dos seus patrimónios culturais. Por isso, em Penamacor, para além do "Solar do Conde", encontramos diversas construções antigas e recuperadas, que são as grandes atracções turísticas deste Concelho.
(Foto tirada da Internet)

Episódio 24 - Yes, estradas em S!

Nestas minhas andanças pelo Distrito de Castelo Branco, fazíamos quase tudo através das chamadas "estradas nacionais". Eu sempre achei estranho a sinuosidades destas estradas naquela região... Tinha a impressão de que todas tinham sido construídas em forma de "S"! Então, uma vez, perguntei ao editor do Jornal para o qual eu trabalhava por que razão as estradas eram assim.  Ele então contou-me um história que, até hoje, não sei se foi uma anedota ou se ele estava a falar a sério:
"Quando iniciaram as construções das rodovias portuguesas, os engenheiros eram ingleses e os operários eram portugueses. Como havia uma dificuldade em eles se comunicarem, quando os operários perguntavam aos engenheiros: Senhor, é por aqui?, apontando o caminho por onde deveria abrir a rodovia, o engenheiro respondia: "Yes". Como o operário mal compreendia inglês, entendia "Em S". E assim, ao invez de abrirem as rodovias numa reta, construíam-nas em forma de "S""!

Apesar de engraçada, e do editor do jornal me contar esta história de uma forma muito séria, penso que as estas estradas foram construídas desta forma por tratar-se de um país, em que na época das suas construções, possuia grandes latifúndios que, por sua vez, pertenciam à grandes coronéis. Aliás, o histórico "coronelismo" brasileiro não poderia ter tido outra origem! Assim, para que as estradas não passassem no meio destes grandes latifúndios, elas eram construídas ao redor, contornando estas terras.

Outro motivo para tanta sinuosidade prende-se com as montanhas presentes nesta região. No Distrito de Castelo Branco encontra-se a principal cadeia montanhosa do país: A Serra da Estrela. Portanto, há lugares que só temos acesso através de estradas estreitíssimas, sem acostamento, e que ainda por cima funcionam com duplo sentido (em mão dupla). Nas encostas destas montanhas podemos encontrar diversas plantações de oliveiras. A oliveira (que nos dá as azeitonas, de onde se produz o azeite) é a única árvore no país que qualquer português pode cultivar, mesmo em terras do Estado. Portanto, praticamente toda família que vive nesta região possui uma oliveira! Não é à toa que o melhor azeite de oliva do mundo é produzido alí, na Região da Beira Baixa. Apesar disso, como não há grandes subsídios e incentivos à produção, acaba-se por produzir somente para a subsistência. Esta tem sido a grande falha do governo português, que com a entrada na União Européia, está a ter que "engolir" e produção de azeite de outros países, como a Grécia e a Espanha. Embora tais produções não superem, em qualidade, o azeite de oliva português, elas são comercializadas em Portugal com um preço inferior à produção nacional. Isto porque, diferentemente do governo português, os governos grego e espanhol souberam incentivar a produção dos seus azeites.

Mas continuando as minhas "viagens" pelas estradas da Beira Baixa, reparei que, durante quilómetros, viajámos sem ver uma "alma viva"! Vimos muitas áreas destinadas à caça, muitas cabras e cabritos a pastarem, e algumas plantações esquecidas... Em relação à isso, outra máxima dita pelo meu antigo editor foi: "Como uma país, despovoado como Portugal, conseguiu colonizar países como o Brasil, Angola, Timor...?" De facto, quando pensamos que Pedro Álvarez Cabral saiu do Concelho de Belmonte, que fica no Distrito de Castelo Branco, e descobriu o Brasil, vemo-nos obrigados a indagar: "Mas que povo é este?", ou seria... "Mas que povo FOI este?"
(Foto tirada da Internet)

Episódio 23 - A Saúde em Portugal

Talvez para nós, brasileiros, a cerimónia da "Inaguração duma primeira pedra dum Centro de Saúde" não faça muito sentido... Não estamos acostumados a inaugurar o início de uma obra, mas sim, o seu fim. Se calhar, aprendemos a dar valor somente às coisas já finalizadas, porque precisamos vê-las prontas e a funcionar, para podermos acreditar...

Os Centros de Saúde em Portugal, apesar de andarem um pouco carentes, ainda encontram-se em melhores condições do que os equivalentes no Brasil. Penso que a principal carência destes centros portugueses é a falta de médicos. Primeiro porque é muito difícil um jovem entrar para a faculdade de medicina em Portugal. Aqui, para se entrar na faculdade, não existe "vestibular". Os jovens entram com a média que obtiveram no segundo ciclo (grau). Mas a média para se entrar na faculdade de medicina é muito alta: numa escala até 20, é preciso ter, no mínimo, 19! Por isso, muitos jovens não conseguem entrar e outros vão estudar fora do país e acabam por lá ficar. Os que ficam por cá, ao concluírem a faculdade, optam por trabalharem na capital, ou nos grandes centros urbanos, abandonando o interior do país. Por isso, no interior de Portugal é muito fácil encontrar-se médicos de outras nacionalidades, sobretudo espanhóis. A região da estremadura espanhola é bastante próxima do Distrito de Castelo Branco, o que facilita este intercâmbio.

Os médicos brasileiros, apesar de não terem as mesmas facilidades que os espanhóis (em termos de legalização e fixação no território), também tentam "abocanhar" uma fatia deste mercado de trabalho. Já há algum tempo, a área da Medicina Dentária (Odontologia) em Portugal, conta com um grande número de dentistas brasileiros.

Por isso, a ideia de se investir no sector da saúde, no interior de Portugal, figura-se, justamente, como uma forma de atrair mais médicos para estas regiões. E, apesar de não ter encontrado fotos, na Internet, do "Novo Centro de Saúde em Pedrógão Pequeno", espero que ele tenha ficado pronto e que já esteja a funcionar!
(Imagem tirada da Internet)

Episódio 22 - A minha primeira reportagem em Portugal!

A minha primeira reportagem em Portugal foi feita na Vila de Pedrógão Pequeno, freguesia pertencente ao Concelho da Sertã, um dos doze concelhos que compõem o Distrito de Castelo Branco.

Ruas, ou melhor, vielas, estreitíssimas, com paralelepípedos; casas simples, mal conservadas, que denotam a simplicidade dos seus moradores; povo simples, que deixa as portas e janelas de suas casas abertas; tudo isto remeteu-me a um tempo que, no Brasil, parece já ter ficado para traz... Pelo menos, na região de onde eu vim...

A Vila de Pedrógão Pequeno, como o próprio nome diz, é pequena! Carros quase não se vê, mas cavalos... E prédios? O que é isto?

Tudo isto era muito diferente para mim...

Com o tempo, descobri que em Portugal existem muito mais lugares como este... Aliás, Portugal é um país formado, essencialmente, por lugares como este! Por isso deveria ser um país  "tombado", e assim reconhecido todo o seu valor cultural.

Estive em Pedrógão Pequeno no dia 9 de Novembro de 2000 para o "lançamento cerimonial da primeira pedra do novo Centro de Saúde da Vila". Este evento, por si só, soava um tanto quanto estranho para mim... "Lançamento da primeira pedra?" O que é isto?

Cheguei à Vila por volta das 12h00 e o Presidente da Administração Regional de Saúde da Região Centro (região a qual pertence o Distrito de Castelo Branco), acompanhado por outras autoridades municipais, já encontravam-se no local. Percebi, então, que a cerimónia era "dar a largada" para que as obras neste local fossem iniciadas. Nesta cerimónia, o Presidente explicou aos presentes que, após aproximadamente um ano, haveria naquele local uma nova unidade de saúde, com uma área de cobertura de 200m2 e onde o Governo iria investir 30 mil contos (naquela época ainda eram contos!) Penso que este Centro já deva estar pronto, entretanto, não consegui encontrar nenhuma foto dele na Internet...

Mas naquela época, não pude deixar de estranhar como os presentes ouviam atentamente o discurso do Presidente, enquanto "admiravam" uma área de 200m2 totalmente vazia! Com o tempo percebi que, como o governo português procura sempre divulgar o que faz, a imprensa é sempre muito bem recebida. Por isso, principalmente no interior, onde não acontece muita coisa de relevo, a comunicação social da região faz-se sempre presente. Também compreendi que, quando a população que vive no interior de Portugal é lembrada pelo governo português, a inaguração de uma simples pedra, transforma-se num "Mega evento"! Ainda mais quando trata-se de uma órgão público, que irá beneficiar a saúde dos moradores daquela região...

Por isso, após a "grande solenidade" um lanche preparado pelos próprios moradores foi servido aos presentes. Este lanche continha iguarias bem típicas como: pastéis (bolinhos) de bacalhau, rissóis de camarão, pastéis de nata e etc... Mas o que me chamou mesmo a atenção, foi o facto destas iguarias estarem expostas na mesa desde o início do evento e dos salgadinhos estarem "gelados" na hora em que fomos comê-lo! Afinal, estávamos em Novembro, e o frio já se fazia sentir...
(Foto tirada da Internet)

Episódio 21 - Após a adaptação... é hora de começar a trabalhar!

Bem... Mas passado o período de adaptação, aquele em que começámos a entender como as coisas funcionam, é chegada a hora de começar a trabalhar!

Quando vim para Portugal, confesso que não fazia a menor ideia de que era preciso ter um "visto de permanência" para poder ficar no país, e nem imaginava que isto era tão difícil de se conseguir! Simplesmente... vim! Entrei com o meu passaporte, como turista, e assim permaneci, para além dos 90 dias permitidos, porque não sabia mesmo que era necessário ter um "visto"! Como não era necessário ter "visto" para entrar...
Entretanto, quando decidi procurar um trabalho, tive que correr atrás do tal "visto".

Naquela época, lembro-me que procurei, através da lista telefónica, todos os órgãos de comunicação de Castelo Branco (que não são muitos) e fui levar-lhes o meu currículo pessoalmente. Assim, comecei a trabalhar no jornal "Povo da Beira". Nunca pensei que a principal dificuldade que eu iria encontrar fosse... a língua! Aprendi muito neste jornal, sobretudo, a escrever o português que se escreve em Portugal (que era muito diferente do que se escrevia no Brasil)! Agora, com o "acordo ortográfico", pode ser que, como o tempo, estas diferenças diminuam... Mas acho que ainda irá levar um bom tempo...

Mas enfim... comecei a trabalhar, sem contracto de trabalho, com um salário inferior ao que os jornalistas portugueses recebiam, e correndo o risco de chegar ao fim do mês, e não receber... Mas como tratava-se de um período de aprendizagem, não me importei. Entretanto, se não quisesse continuar a ser explorada, precisava mesmo do tal "visto"! Por isso, passado algum tempo, disse-lhes que só continuaria a trabalhar se me fizessem um contracto. Como naquele tempo fazer um "contracto a termo", com um estrangeiro, pressupunha que a empresa interessada deveria, primeiro, colocar um anúncio no "Centro de Empregos" e, só se não houvesse nenhum português interessado na vaga, poderia-se contractar o estrangeiro, fizeram-me um "contracto de prestação de serviços", porque, deste modo, eu poderia pedir um "Visto de Trabalhador Independente".

Consulado de Portugal em Vigo
Com o contracto feito, agora eu teria que pedir o "visto". Para isto, era necessário sair de Portugal, porque só o Consulado de Portugal pode emitir um visto, e, obviamente, em Portugal, não há Consulado de Portugal! Então, para não precisar voltar ao Brasil, decidi ir até a cidade de Vigo, na Espanha, e foi  no "Consulado de Portugal em Vigo" que solicitei o meu "Visto de Trabalhador Independente". Fazer isto não foi uma tarefa nada fácil, porque para além de ter que juntar uma infinidade de documentos, tive que ir para Vigo duas vezes: Uma para pedir o Visto, e outra para buscar o Visto!

Mas apesar de todas as dificuldades, reconheço que durante este período pude aprender muito sobre a cultura de uma região, que eu nem sequer imaginava existir... Através do meu trabalho conheci todo o Distrito de Castelo Branco, e é nesta viagem que, a partir de agora, vos convido a participar!
(Fotos tiradas da Internet)

Episódio 20 - Diferenças estruturais

Em 2000, os preços dos alimentos e do vestuário em Portugal, não eram muito diferentes dos praticados no Brasil. Hoje, por incrível que pareça, vestir-se em Portugal é muito mais barato do que vestir-se no Brasil!

Outra vantagem encontrada em Portugal prende-se com os preços dos eletromésticos, aparelhos electrónicos, telefones celulares (telemóveis) e dos carros. Além de estar tecnologicamente à frente do Brasil, comprar um computador ou um carro em Portugal, é infinitamente mais barato do que no Brasil!

Em relacção às casas, aí sim, temos vantagens no Brasil. Comprar uma casa no Brasil, ou mesmo alugar, é muito mais barato do que em Portugal. É claro que temos que ter em atenção o local de Portugal de que estamos a falar, bem como de que lugar do Brasil estamos a falar. Em Castelo Branco, por exemplo, alugar um apartamento é muito mais barato do que em Lisboa. Com o preço que pagámos por um apartamento de dois quartos em Castelo Branco, conseguimos alugar somente um quarto em Lisboa!

As construções também variam de lugar para lugar... Na época em que morei em Castelo Branco, reparei que a maioria das construções eram bastante antigas, mas que a cidade estava em expansão. Logo, estavam a nascer dezenas de novas construções na zona periférica da cidade. Como naquela época permitia-se que os prédios, até quatro andares, não tivessem elevador, e em determinadas zonas não era permitido construir edifícios com mais de quatro andares, muitos dos prédios que estavam a nascer, não tinham elevador. Confesso que hoje não sei se isto ainda é permitido... Também era raro encontrar um edifício em que houvesse porteiro. Mas para quê precisamos de porteiro numa cidade como Castelo Branco? Ainda hoje, em todo Portugal, penso que ainda é possível vivermos sem porteiro! Esta é uma das principais mais-valias de se viver neste país: a SEGURANÇA! Deste modo, sem elevador e sem porteiro, os preços dos condomínios em Portugal acabam por ser muito mais baratos do que no Brasil! Mas, quem aluga um apartamento em Portugal, não precisa preocupar-se com o valor do condomínio, porque aqui, quem paga o condomínio, é sempre o proprietário do apartamento, e nunca o inquilino!

Quanto às divisões das casas em Portugal, já referi que é raro encontrar uma casa que tenha área de serviço. As construções mais antigas costumam ter uma sala de estar (aqui chamada "salão") muito grande. Aliás, estas construções costumam ocupar áreas enormes! É muito difícil encontrar-se uma casa antiga em Portugal com área de construção reduzida. Nestas contruções, os banheiros (casas de banho) possuem sempre banheiras (e nunca "box"), com apenas um "chuveirinho", porque pressupõe-se que as pessoas irão tomar banho de banheira, e não de chuveiro! Para quem não tem muito tempo, ou não gosta de tomar banho de banheira, tomar banho de "chuveirinho" não é uma tarefa nada fácil... Mas nada que, com o tempo, paciência e muita imaginação, não se consiga dar a volta!
(Fotos tiradas da Internet)