Episódio 21 - Após a adaptação... é hora de começar a trabalhar!

Bem... Mas passado o período de adaptação, aquele em que começámos a entender como as coisas funcionam, é chegada a hora de começar a trabalhar!

Quando vim para Portugal, confesso que não fazia a menor ideia de que era preciso ter um "visto de permanência" para poder ficar no país, e nem imaginava que isto era tão difícil de se conseguir! Simplesmente... vim! Entrei com o meu passaporte, como turista, e assim permaneci, para além dos 90 dias permitidos, porque não sabia mesmo que era necessário ter um "visto"! Como não era necessário ter "visto" para entrar...
Entretanto, quando decidi procurar um trabalho, tive que correr atrás do tal "visto".

Naquela época, lembro-me que procurei, através da lista telefónica, todos os órgãos de comunicação de Castelo Branco (que não são muitos) e fui levar-lhes o meu currículo pessoalmente. Assim, comecei a trabalhar no jornal "Povo da Beira". Nunca pensei que a principal dificuldade que eu iria encontrar fosse... a língua! Aprendi muito neste jornal, sobretudo, a escrever o português que se escreve em Portugal (que era muito diferente do que se escrevia no Brasil)! Agora, com o "acordo ortográfico", pode ser que, como o tempo, estas diferenças diminuam... Mas acho que ainda irá levar um bom tempo...

Mas enfim... comecei a trabalhar, sem contracto de trabalho, com um salário inferior ao que os jornalistas portugueses recebiam, e correndo o risco de chegar ao fim do mês, e não receber... Mas como tratava-se de um período de aprendizagem, não me importei. Entretanto, se não quisesse continuar a ser explorada, precisava mesmo do tal "visto"! Por isso, passado algum tempo, disse-lhes que só continuaria a trabalhar se me fizessem um contracto. Como naquele tempo fazer um "contracto a termo", com um estrangeiro, pressupunha que a empresa interessada deveria, primeiro, colocar um anúncio no "Centro de Empregos" e, só se não houvesse nenhum português interessado na vaga, poderia-se contractar o estrangeiro, fizeram-me um "contracto de prestação de serviços", porque, deste modo, eu poderia pedir um "Visto de Trabalhador Independente".

Consulado de Portugal em Vigo
Com o contracto feito, agora eu teria que pedir o "visto". Para isto, era necessário sair de Portugal, porque só o Consulado de Portugal pode emitir um visto, e, obviamente, em Portugal, não há Consulado de Portugal! Então, para não precisar voltar ao Brasil, decidi ir até a cidade de Vigo, na Espanha, e foi  no "Consulado de Portugal em Vigo" que solicitei o meu "Visto de Trabalhador Independente". Fazer isto não foi uma tarefa nada fácil, porque para além de ter que juntar uma infinidade de documentos, tive que ir para Vigo duas vezes: Uma para pedir o Visto, e outra para buscar o Visto!

Mas apesar de todas as dificuldades, reconheço que durante este período pude aprender muito sobre a cultura de uma região, que eu nem sequer imaginava existir... Através do meu trabalho conheci todo o Distrito de Castelo Branco, e é nesta viagem que, a partir de agora, vos convido a participar!
(Fotos tiradas da Internet)

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