Por que algumas pessoas ficam de luto no 25 de Abril?

Desde que cheguei a Portugal, e já lá vão 10 anos, percebo que muitas pessoas mais velhas, que viveram a “revolução” do 25 de Abril, demonstram não estarem muito satisfeitas com o que se passou após esta “revolução”. Quando vivia em Castelo Branco, e muitos diziam: “Era melhor no tempo do Salazar…”, eu não entendia mas pensava: “Bem… estou em Castelo Branco!” No entanto, quando observei que isto também acontecia em Lisboa, comecei a tentar perceber o porquê. Depois, em 2007, quando Salazar foi escolhido “O melhor português de sempre”, quis, de facto, procurar saber como isto foi possível.

E foi conversando com alguns lisboetas que entendi que, apesar do “mal” que a política do estadista Dr. Oliveira Salazar trouxe para este país, nesta época, também havia coisas boas, coisas estas, que hoje, em plena democracia, já não existem mais…

Segundo alguns depoimentos, na época em que Salazar governou Portugal, e a Europa atravessou a segunda guerra mundial, este estadista conseguiu uma autêntica proeza: Fazer com que Portugal se mantivesse neutro! Deste modo, Hitler não invadiu Portugal, e o país conseguiu se manter ileso até ao fim da guerra.

Durante este período de racionamento em toda a Europa, a política de subsistência, onde Salazar pregava que o Alentejo era o celeiro de Portugal, foi o que manteve o povo alimentado. Não faltava trigo para fazer o pão, os ovos, e deste pouco sempre se fazia muito. Por isso, até hoje, vemos não só no Alentejo, mas em todo Portugal, uma alimentação variadíssima, feita basicamente a base de pão e de ovos.

Nesta época o dinheiro era pouco, mas dava...” Com a “revolução”, os salários aumentaram, mas o dinheiro já não era mais o suficiente. O país passou do 8 para o 80, e a euforia que tomou conta do povo, fez com que muitos metessem os pés pelas mãos. Começaram-se os endividamentos, coisa, que até então, não havia…

Também com a “revolução” muitos proprietários de fábricas viram seus estabelecimentos invadidos e tiveram que "dividir" o seu negócio com os seus empregados. No entanto, o que se veio a observar alguns anos depois, foi que muitos destes negócios, que funcionavam bem antes da “revolução”, deixaram de funcionar e faliram assim que mudaram de mãos… “É isso que acontece quando se tomam as coisas sem as conquistarem… É isso que acontece quando se fazem as coisas sem peso e sem medida…

Outro ponto apontado por quem viveu este período, foi a injustiça que se cometeu, e comete-se até hoje, com aqueles que foram obrigados a lutarem durante as guerras coloniais. Sim, é claro que muitos poderiam deserdar, dizerem simplesmente “eu não vou”, e serem exilados. Mas quem foi, muitas vezes não foi por concordar com a política vigente, mas sim por achar que a sua obrigação para com o país era ir. Logo, foram obrigados, e após a “revolução” foram apontados como “inimigos” do país. Será que esta avaliação está correcta?

Bem… eu não sou, nem de perto, nem longe, a pessoa mais indicada para avaliar isto. Sempre fui uma pessoa de esquerda, sempre apoiei o Partido dos Trabalhadores no Brasil, gosto da política que Luís Inácio Lula da Silva têm desenvolvido naquele país, mas hoje, aos 35 anos, penso que nem toda política de direita é de todo ruim, assim como nem toda política de esquerda é de toda boa. As políticas extremistas, sejam elas de esquerda ou de direita, a meu ver, são sempre ruins. Mas o regime democrático também tem falhas… E, a primeira falha, é que nem todos sabemos viver em democracia…

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