É engraçado mas, esses dias, em que divaguei sobre a complexidade do ser humano e sobre os MEDOS que nos cercam, tive uma aula acerca disto muito interessante...
Uma aula que discorreu sobre o "fenômeno do ver e ser visto", ou melhor, sobre o "fenômeno do ver e do medo de ser visto!"
Ao mesmo tempo que o ser humano tem uma curiosidade insessante em ver, tem medo de ser visto.
Explicou o Professor Jacinto Godinho, em sua disciplina leccionada na Universidade Nova, em Lisboa, "As vias da Reportagem (lê-se: reportagem televisiva)" que, na mitologia grega, os homens sempre tiveram a curiosidade de verem os Deuses, mas, ao mesmo tempo, tinham medo de serem vistos por estes Deuses. Esta "dinâmica do ver e do ser visto", trazida do mundo árabe para o mundo ocidental, manifesta-se no campo do jornalismo audio-visual da seguinte forma: O que está por tráz do que é reportado pelos media obedece a lógica do "ver e do ser visto". É natural que quando um jornalista faz uma reportagem ele aja de maneira a obedecer esta lógica. Primeiro o jornalista olha para dentro de si mesmo e julga o seu olhar antes de sofrer o julgamento daqueles que o cerca, inclusive dos "Deuses". Antes, porém, de haver um sistema de vigilância da sociedade, há um sistema de vigilância do próprio jornalista em questão que coloca os seus "travões" baseado nos medos que tem. O medo de ser julgado funciona com o grande travão do jornalista e das pessoas em geral. Por isso, após o jornalista fazer o julgamento das imagens que viu, ele as reporta e, entretanto, quando o que aconteceu não pôde ser visto pelos outros (através de imagens), o jornalista utiliza a palvra para isso.
O medo controla, portanto, os nossos gestos. "A vida é um estado de contenção permanente. Se não vivêssemos sob o medo e nos contivéssemos por causa disso, a sociedade ocidental já não funcionava", enfatizou o Professor.
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