Episódio 19 - É salsicha? Não, é linguiça! É limão? Não, é lima!

Também encontrei muitas diferenças nos hábitos de higiene e nos hábitos alimentares.

Fiquei a saber que, até muito pouco tempo, ainda existiam casas no Distrito de Castelo Branco, que não possuiam água canalizada (encanada) e que, por isso, muitas pessoas ainda não tinham o hábito de tomar banho todos os dias.

Pastéis de Nata
Quanto à alimentação, o "pequeno-almoço" (nosso "café da manhã") é basicamente como o nosso, com a diferença que os portugueses não têm o hábito de comerem o nosso tão comercializado "pão francês". Mas existe uma variedade de pães e bolos, e o que eles chamam de "pastéis", que não tem nada haver com os nossos pastéis. Pastéis em Portugal são doces feitos, normalmente, com uma massa folheada e recheado de doce de ovos ou amêndoa. Os mais conhecidos são os Pastéis de Belém (marca registada) que também são produzidos por outras "pastelarias" com o nome de "Pastéis de Nata".

E por falar em doces, a base dos doces feitos em Portugal são, quase sempre, açucar e ovos. Um português explicou-me, que a utilização de muitos ovos na confecção dos doces prende-se com o facto do país ter sido muito pobre, o que levou às pessoas produzirem estes doces com os ovos provenientes das suas próprias criações de galinhas.

"BICA"
O café em Portugal foi algo que me surpreendeu! Eu não imaginava mas, o café que se toma em Portugal é infinitamente melhor do que o que tomamos no Brasil! E também não imaginava que o português bebesse TANTO café (popularmente conhecido como "BICA")! Estou a falar de "café expresso", que encontramos em qualquer lugar, e com um preço bastante acessível, se compararmos com o preço que se pede por este tipo de café no Brasil! Infelizmente, penso que o povo brasileiro não conhece o café brasileiro de qualidade, porque este deve ir todo para exportação!

Outra coisa que me chamou muito a atenção é que, normalmente, em festas, casamentos, e mesmo nas lanchonetes, salgadinhos como, croquetes, rissóis, etc, são servidos frios! No Brasil, se nos servem um salgado frio, não conseguimos comê-lo! :)

Presunto
Nos almoços e jantares, podemos comer como "entrada" o famoso presunto português (estilo o parma italiano ou o jamom espanhol) e ainda os deliciosos "enchidos" (nossos embutidos). Vale dizer que, o que chamamos de presunto no Brasil, aqui é conhecido por fiambre, e que nos diferentes tipos de embutidos, o que chamamos de salsicha no Brasil, os portugueses chamam de linguiça, e o que chamamos de linguiça,  eles chamam de salsicha! (Essa troca de nomes é engraçada... neste mesmo sentido, o que no Brasil chamamos de limão, os portugueses chamam de lima, e o que chamamos de lima, eles chamam de limão!)

Atum fresco no "Mercado do Lavradores", na Madeira
Foto Juliana Iorio
Após as entradas, faça frio ou calor, o português tradicional não dispensa uma sopinha! É nela que, normalmente, comem-se as verduras e legumes necessários em uma refeição, visto que, por cá, não se tem muito o hábito de comer-se saladas. O prato principal pode ser carne ou peixe. Entendamos por carne, carne de vaca, porco, cabrito, frango, etc; e entendamos por peixe uma variedade de peixes tão grande, que não conseguiria descrevê-los aqui... Apesar da imensa costa brasileira, temos o hábito de comer "peixe", sem nos preocuparmos muito com que tipo de peixe estamos a comer. Em Portugal, nunca se come "peixe", mas sim "a dourada", "o robalo", "a garoupa", "a cavala", "o salmão", "a sardinha" (fresca, e não de lata!), "o atum" (freco, e não de lata!), etc... aqui também come-se muito marisco, e a variedade existente é infinitamente maior do que a que conhecemos no Brasil. Para acompanhar, a guarnição mais comum é a batata. Seja ela, frita, assada ("ao murro") ou cozida, o português come muita batata! Eu diria que a batata está para o português, como o arroz está para o brasileiro!

Queijo Amanteigado da Serra da Estrela
Outra diferença que nos saltam às vistas é o momento da refeição em que os portugueses comem queijo (curado ou amanteigado, de preferência da zona da "Serra da Estrela") e bebem wisque. O queijo, normalmente, é servido após a refeição, antes da sobremesa, e o wisque também é servido após a refeição, e não antes como é hábito no Brasil, porque é considerado um digestivo e não um aperitivo.

Quando cheguei aqui, há cerca de 10 anos, e ainda por cima em Castelo Branco, tinha muito dificuldade em encontar "fast foods" (pizzarias, hamburguerias, etc), e restaurantes que não fossem de comida tradicional portuguesa. Hoje, felizmente, isto mudou! Também naquela época, não encontrávamos nos supermercados comidas prontas, temperos prontos, molho de tomate pronto, queijo parmesão ralado, leite condensado, coca cola light, etc... Hoje, tudo isto já pode ser encontrado, com facilidade, nos supermercados portugueses. Ainda bem! :)

(Imagens tiradas da Internet)

Episódio 18 - "Roupas na Janela"

O período de adaptação em outro país, aproximadamente os dois primeiros meses, é, certamente, o mais difícil. Neste período temos o hábito de comparar os costumes do país em que estamos a viver, com os do nosso país de origem, e isto, é o pior erro que podemos cometer! Uma das coisas mais certas que já ouvi, foi dita por um brasileiro que viveu e, infelizmente, morreu em Portugal: "Quando deixamos o Brasil, devemos esquecer todos os hábitos e costumes brasileiros para conseguirmos nos inserir nos hábitos e costumes do país de acolhimento. O brasileiro que não consegue fazer isto, dificilmente conseguirá se adaptar num outro país, e ser feliz!"

Rodo
Mas esquecer os nossos hábitos e cotumes, é muito mais difícil do que podemos imaginar... É como se nascêssemos de novo!

Brasil e Portugal são dois países, apesar de todas as semelhanças, muito diferentes. E esta diferença nota-se nas coisas mais simples! Quando cheguei à Castelo Branco, sentia falta, por incrível que pareça, de coisas simples como, "ralo" na casa de banho (banheiro) e na cozinha, "rodo" e pano de chão! Em Portugal não costuma-se jogar água e depois puxar com o rodo! Aqui, passasse o "esfregão" com água e detergente e, se for preciso, passasse ele novamente para enxaguar. É assim que as coisas funcionam.

Esfregão
Aqui em Portugal, a maioria das residências também não possui uma área de serviço, como no Brasil, onde temos um tanque, onde colocamos a máquina de lavar roupa, e onde temos um varal para estender a roupa. Aqui, a máquina de lavar roupa fica, normalmente, na cozinha, e a roupa é estendida num varal que fica do lado de fora da janela. Aliás, este é um símbolo tipicamente português: Roupas estendidas do lado de fora das janelas! E se precisámos lavar alguma roupa na mão, isto tem que ser feito no lavatório (pia) da cozinha ou da casa de banho.

Mas para além destas coisas simples, percebi logo que, uma cidade como Castelo Branco, ainda conserva hábitos um tanto quanto conservadores, para nós, brasileiros. Por exemplo, as viúvas, já com uma certa idade, ainda mantém o hábito de vestirem-se de preto pelo resto de suas vidas. Naquela época, também não se via muitas mulheres de "shorts" (calções) e mini-saias pela cidade... Hoje, penso que, neste aspecto, as coisas já estão bem melhores!
(Imagens tiradas da Internet)

Episódio 17 - O início de uma vida nova

Para quem não tem carro, fazer uma viagem de Salamanca para Castelo Branco, não é nada fácil...
São horas de viagem, em ônibus/ autocarro, que nos leva por estradazinhas, e que pára em TODAS as aldeias que encontra pelo caminho...

Mas enfim, após horas sem conta de viagem, cheguei à Castelo Branco, uma cidadezinha com cerca de 30 649 habitantes, localizada no interior de Portugal. Neste momento, começava uma vida nova para mim! Sabia que iria morar num país que, talvez, devido a lingua e a cultura, não fosse muito diferente do Brasil... Mas, na realidade, de Portugal só conhecia Lisboa, o Rio Tejo, e já havia ouvido falar sobre a cidade do Porto, a Universidade de Coimbra e a Região de Trás-os Montes. Mas, de facto, não podia imaginar o que me esperava...

Era Agosto, época de verão em Portugal, e na Região da Beira Interior, quando faz calor, faz mesmo MUITO calor! É um verão seco, bem diferente do qual eu estava acostumada... Talvez, se tivesse vindo do sertão nordestino, não estranhasse tanto! Em compensação, eu ainda não sabia que o inverno que me esperava, seria tão rígido, se não pior, do que verão! Em suma, após algum tempo em Castelo Branco, eu aprendi que: "Nesta cidade, ou morremos de calor, ou morremos de frio!" :)

Lembro-me de que quando lá cheguei, uma das primeiras coisas que reparei foi no horário de funcionamento do comercio. Lá, o comércio abre às 9h00 e fecha às 13h00 para o almoço, só voltando a reabrir as suas portas às 15h00. Portanto, no período entre as 13h00 e as 15h00, a cidade parece uma "cidade fantasma". Em Lisboa isto também acontece em alguns estabelecimentos comerciais, mas como se trata de uma cidade com outra dimensão, quase não damos por isso. Para mim, que vim de uma cidade como Campinas, que apesar de estar localizada no interior de São Paulo, possui mais de um milhão de habitantes e uma vida comercial que não pára (não pára mesmo!), foi muito estranho deparar-me com esta nova realidade... Mas, com o tempo, entendi que o comércio que funciona desta forma em Portugal, funciona assim porque, geralmente, são os próprios donos e seus familiares que estão a frente dos seus negócios. Tratam-se de empresas familiares e, por isso, quando a família pára para almoçar, o estabelecimento tem que fechar!

Sendo assim, o leitor deve estar a imaginar que o atendimento nestes estabelecimentos são "de primeira"! Lamento decepcioná-lo mas, infelizmente, nem sempre isto é verdade... Sendo a população de Castelo Branco, na sua maioria, muito simples, senti que lhes faltava algum preparo, "traquejo", para atender ao público. Na realidade, a primeira impressão que temos é que se tratam de pessoas "sem educação". No entanto, com o tempo, percebemos que o modo de ser do povo "albicastrense" (é assim que chamam-se as pessoas que nascem em Castelo Branco) é mesmo assim, mas que isto não significa que este povo não tenha educação... Como já referi, trata-se de um povo simples, frontal, que diz o que pensa sem rodeios, e, por isso, as vezes pode não agradar...

Mas tudo isso torna-se compreensível quando consideramos a História de Portugal e, principalmente, do interior deste país. No interior de Portugal nunca houve grandes investimentos por parte do Governo. Este sempre preferiu investir na capital (Lisboa), centralizando a vida economica de Portugal nesta cidade. O interior de Portugal sempre foi mais agrícola, sendo a Região do Alentejo, durante muitos anos, conhecida como o "Celeiro do País". É por isso que hoje a grande Lisboa encontra-se sobrelotada, enquanto que o interior está cada vez mais desertificado... É certo que o "inchaço" deste grande centro urbano fez com que, nos últimos anos, o Governo começasse a pensar em requalificar o interior, através de um projecto chamado "Polis" e através da construção de mais estradas. No entanto, isto não foi suficiente para convencer as pessoas, de que a vida no interior de Portugal pode ser melhor do que na capital.
Outro dado histórico que talvez explique a falta de preparo e "traquejo" da população que vive no interior de Portugal foi o regime ditatorial vivido por este país até 1974. Toda forma de opressão faz com que as pessoas tenham mais dificuldade em se exprimir... Toda forma de ditadura é ruim, seja ela de direita ou de esquerda.
(Imagens tiradas da Internet)

Episódio 16 - O Portugal que quase nenhum brasileiro conhece...

O "Distrito de Castelo Branco", e entenda-se aqui por Distrito o que chamamos de "Estado" no Brasil, encontra-se na "Região da Beira Baixa" (vide mapa), também conhecida como "Beira Interior".

Como a divisão territorial em Portugal é diferente da que encontramos no Brasil, vou fazer um breve apanhado para compreendermos estas diferenças:

O Brasil é um país dividido por Regiões, que por sua vez são divididas em Estados, sendo que cada Estado é subdividido em Cidades.

Portugal também é divida por Regiões e em cada Região encontramos os chamados "Distritos" (Estados) que são subdividos em Concelhos (Cidades). Além disso, cada Concelho é ainda subdivido em Freguesias.

 
Voltando, então, ao caso de Castelo Branco, temos:
Região: Região da Beira Baixa;
Distrito: Castelo Branco
Concelhos: Castelo Branco (capital do Distrito), Covilhã, Fundão, Belmonte, Idanha-a-Nova, Oleiros, Penamacôr, Proença-a-Nova, Sertã, Vila de Rei e Vila Velha de Rodão.
E ainda, cada um desses Concelhos está subdivido em Freguesias.

Cada Concelho possui um Presidente de Câmera (Prefeito) e cada Freguesia possui uma Junta de Freguesia (uma espécie de Sub-Prefeitura), que é administrada pelo Presidente da Junta de Freguesia (Sub-Prefeito). 
Vimos, portanto, que Portugal possui uma maneira muito mais descentralizada de administrar o seu território, do que o Brasil.

Posto isto, no dia 10 de Agosto de 2000, embarquei em mais esta aventura, agora com destino certo: o Concelho de Castelo Branco.

Entrei no continente europeu por Madri (ou Madrid, como se diz em Portugal), e após 12 horas de viagem, estava eu, em solo espanhol. Por quê Madri? Porque antes de ir para Castelo Branco, eu tinha como objectivo fazer um Curso de Espanhol, na Universidade Don Quijote, em Salamanca, e assim o fiz!

(Desenhos tirados da Internet)

Episódio 15 - Onde o destino nos leva...

Hoje quero começar este "post" com uma frase do navegador brasileiro Amyr Klink, que poderia ter sido escrita por mim:

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.

Portanto, depois das viagens que havia feito, confesso que não pensava em voltar a viajar tão cedo... Estava na hora de começar a "plantar as minhas próprias árvores", e criar raízes.

Porém, como já referi num episódio anterior, "...o destino me trouxe de volta à Europa... O destino, o facto de ter achado que havia encontrado a minha estabilidade emocional, e a certeza de que, se eu continuasse a viver no Brasil, jamais conseguiria "cortar o cordão umbilical"..."

Assim, em Agosto do ano 2000, fui viver para uma cidade de Portugal, que não sabia, sequer, que existia: "Castelo Branco". E é aí que começa uma nova história da minha vida. História esta, que estou escrevendo até hoje...


Mapa tirado da Internet

Episódio 14 - ... Novas aventuras sempre hão de vir!

Quem pensa que a minha aventura pela Europa acaba com o fim da minha viagem em 1997, está redondamente enganado! Aquela aventura havia acabado, mas novas aventuras já estavam a caminho!

O facto de eu ter viajado para a Europa, numa época em que 1 Dólar equivalia à 1 Real, fez com que eu convencesse os meus pais que, "Viajar para a Europa" não era uma meta impossível de se alcançar...

Pode parece estranho para quem vive na Europa, mas para nós, brasileiros, viajar para este continente é algo muito difícil, devido à distância, que torna as viagens muito caras, e ao cambio da moeda. Historicamente, quase sempre as moedas européias valeram mais do que a moeda brasileira.

Por isso, em 1998, conseguimos fazer algo quase impensável. Viemos todos juntos para a Europa: Eu, meu pai, minha mãe e minha irmã! É bem verdade que não era para eu e a minha irmã virmos... Entretanto, alguns acontecimentos de última hora, que impossibilitaram outras pessoas de vir, acabaram por nos colocar nesta viagem...

Desta vez, viemos de excursão, com tudo já programado, o que minimizou o stress que eu havia passado na viagem anterior. Mas a principal diferença foi que, com excursão, ao invés de passarmos horas a viajar de trem/ comboio, passamos horas a viajar de ônibus/ autocarro!

Visitei alguns lugares que não havia conhecido, como Assisi e Padova (na Itália), Genève (na Suíça) e Innsbruck (na Áustria), para além de, finalmente, conhecer um pedacinho da França (Paris e Lion).

Assisi é conhecida por ser a cidade onde nasceu São Francisco. Padova é conhecida por ser a cidade onde Santo António, famoso franciscano que nasceu em Lisboa (Portugal), passou grande parte da sua vida e faleceu. Ambas são arquitetonicamente parecidas e dotadas de uma certa "áurea divina". Genève é a segunda cidade mais populosa da Suíça (após Zurique) e, certamente, a cidade mais organizada e limpa pela qual passamos. Chega a ser irritante! :) E, em Innsbruck, senti-me dentro do filme do "Harry Potter"! :)

Lion é uma cidade universitária muito bonita e Paris penso que dispensa comentários... Lá, é obrigatório conhecermos: A "Tour Eiffel", o "Champs-Élysées" com o famoso "Arc d triumph", o "Musée du Louvre", a "Ópera Garnier" (conhecida como Ópera de Paris), a "Cathédrale de Notre Dame" e, se houver tempo, a "Basílica de Sacré Cœuras", o bairro de "Montmartre", o "Moulin Rouge", as "Galeries Lafayette", o "Musée d´Orsay" e o "Château de Versailles". Confesso que não conseguimos visitar tudo isto nesta viagem. Por isso, fomos "obrigados" a voltar lá, noutra altura... :)

Para a minha mãe, foi a concretização de um sonho... Para o meu pai, algo que ele nunca havia pensado em fazer... e, para a minha irmã, algo muito... "bunito"! Lembro-me da minha irmã, em todo lugar que chegávamos, dizer: "Nossa... que bunito!!!" :) É o deslumbramento que sentimos a primeira vez que chegámos à "Europa"!

Dicas:

Dica número 6: Na França, experimente a "Mostarda de Dijón" com grão, é muito boa!
Dica número 7: É muito fácil andar de metro em Paris! Vale a pena experimentar!
Dica número 8: Evite falar em inglês na França! Um frances até se esforça para entender e ajudar alguém que fala qualquer lingua do mundo, desde que não seja "inglês"!
Dica número 9: Evite comer em lugares turísticos, como no "Champs-Élysées", por exemplo. Caso contrário, corre o risco de pagar 15 euros (cerca de 35 reais) por uma baguete e um refrigerante! Isto aconteceu conosco!
(Desenhos tirados da Internet)

Episódio 13 - O fim de uma aventura...

Eu não sei se é tão prazeroso para as pessoas que lêem estes meus "posts", como é para mim, que os escrevo.

Mas como esta viagem representou um "divisor de águas" na minha vida, não me canso de recordar...

Acho que todas as pessoas deveriam ter uma experiência como esta... É impressionante o quanto aprendemos, crescemos e amadurecemos em tão poucos meses... Por isso, costumo dividir a minha vida em: "Antes da viagem à Europa" e "Depois da viagem à Europa".

Quando esta viagem chegou ao fim, além de estar com o meu italiano "afinadíssimo" (a ponto do taxista que me levou para o aeroporto pensar que eu era italiana), voltei com muito mais "medo" do avião cair... Ou seja, adquiri maturidade, e com ela muito mais "receios"... Na ida, nem me apercebi das turbulências... Na volta, voltei "agarrada" ao terço, e a cada turbulência, pedia à Deus para me dar mais uma oportunidade de rever a minha família...

Esta viagem aumentou muito mais a minha Fé e a minha crença em uma "Força Maior" (que muitos chamam de Deus), para além de me fazer sentir uma falta imensa da minha Família! Falta essa que só me fazia pensar:

- "Se fosse eu que tivesse me apaixonado por um italiano, não aguentaria viver longe da minha família... Ainda bem que foi a minha amiga que se apaixonou, e não eu!"
- "É muito bom viajar, mas melhor ainda é voltar para casa. É muito bom conhecer outros lugares para darmos valor ao Brasil, porque, para viver, não há lugar como o Brasil!"

Portanto, voltei para o Brasil 8 quilos mais magra e determinada a ficar por lá!

Fui recepcionada com uma "Faixa de Boas Vindas" e nunca vou esquecer que a minha irmã me disse que o meu cheiro não estava lá muito agradável... É impressionante como a gente se habitua ao mal cheiro! Eu não sentia nada! :)

Depois de tudo o que vivi, tinha muito mais força para "batalhar" pela minha estabilidade emocional e profissional no Brasil. Porém... passado algum tempo, o destino me trouxe de volta à Europa... O destino, o facto de ter achado que havia encontrado a minha estabilidade emocional, e a certeza de que, se eu continuasse a viver no Brasil, jamais conseguiria "cortar o cordão umbilical"...

(Foto tirada da Internet)

Episódio 12 - E agora?

"Eu não sei o que acontece com o nosso organismo, quando temos que resolver algum problema, mas sei que somos capazes de buscar força, não sei onde, e de um momento para o outro, adquirir uma obstinação tão grande, que nos torna possível realizar o que parecia impossível..."
E, para quem acredita em Deus, pode acrescentar à esta força e obstinação, uma grande ajuda Divina!

Ora bem, eu estava em Barcelona, na estação ferroviária errada, às 20h50, e o meu comboio saia da outra estação, que ficava do outro lado da cidade, às 21h00. Além disso, como naquela época ainda não havia a moeda única (o Euro), eu não tinha muitas pesetas (moeda usada em Espanha), porque estava de partida para a Itália e lá usava-se a lira. Por isso, eu tinha comigo apenas 1000 pesetas, que até tentei gastá-las enquanto "fazia hora" na estação, mas felizmente, como nunca fui grande "gastadeira", e não havia encontrado nada que valesse a pena comprar, ainda não as havia gastado...

Assim, quando descobri que estava na estação errada, saí correndo, desenfreadamente, a procura de um taxi. Estava tão nervosa que, obviamente, o taxista apercebeu-se. Então, comecei a contar-lhe o que se havia passado, misturando o português com o italiano e o espanhol, devido ao nervonismo, e... eu nunca ví um taxista correr tanto! Ele parecia mais nervoso do que eu! Ele corria, e eu rezava para chegar viva ao meu destino! Quando cheguei à estação, o meu comboio já estava a "apitar" que iria partir. Perguntei o preço da corrida ao taxista e ele disse: "1000 pesetas" (ou seja, todo o dinheiro que eu tinha). Dei-lhe a nota e saí correndo em direcção ao comboio, que estava mesmo quase a partir. Entrei no comboio totalmente sem fôlego, e faço ideia da cara com que estava, pois as pessoas que lá estavam, todas, literalmente, pararam e ficaram a me observar, enquanto eu procurava retomar o fôlego.

Quando filnalmente me acomodei (na 1ª classe) e a adrenalina começou a baixar, sentia o corpo todo "moído". Meus braços estavam em "frangalhos" devido ao excesso de peso que havia carregado... Só aí me dei conta do esforço que aquele taxista havia feito para me ajudar, e que eu, devido a correria, nem sequer havia lhe agradecido... Perdoem-me quando disse, num episódio anterior, que "taxista é uma raça à parte". De facto, não podemos generalizar... Em toda regra, há excepção!

Por isso, naquele momento, eu pensei:

"Obrigada Senhor, Obrigada Senhor, Obrigada Senhor!

Obrigada por ter me feito ver, 10 minutos antes, que estava na estação errada;
Obrigada por não me ter deixado gastar as minhas últimas 1000 pesetas e,
Obrigada por ter colocado aquele taxista no meu caminho!"

Episódio 11 - Agora sim: Espanha, lá vou eu!

Agora sim, depois de ter conhecido a maravilhosa Lisboa, pegámos mais um comboio e voltámos para a Espanha. Fomos novamente até Madri e, de lá, tomámos outro comboio rumo à Málaga (na Região da Andaluzia). Em Málaga ficamos na casa do tio do namorado da minha amiga, que por sinal, foi um óptimo "cicerone"! Neste mesmo dia, ele nos levou para jantar em Fuengirola e depois fomos para Benalmadena, onde tomámos um  drink no maravilhoso Puerto Marina. É, de facto, uma marina com lindos edifícios e bares da moda, que, naquela época, me fez lembrar a cidade de Búzios, no Brasil.

No dia seguinte fomos conhecer Marbella. Visitámos o centro antigo e a praia, e depois fomos até Puerto Banus, um lugar chiquérrimo, com casinhas branquinhas sobre as montanhas... Lembro-me que tive a sensação de estar na Grécia, apesar de nunca ter lá estado! :) De lá, fomos conhecer outra cidade "fofa", com um nome não tão "fofo" assim: "Mijas". :)

No dia seguinte conhecemos Málaga, e de lá partimos em direcção à Sevilla. No dia em que chegámos em Sevilla, estávamos tão cansadas, que assim que encontramos uma pensão, nos instalamos e fomos dormir. Dormimos este dia todo e só fomos conhecer Sevilla no dia seguinte. Nesse dia conhecemos a "Catedral de Sevilha", com a sua famosa "Torre de la Giralda", fomos ao "Palácio de Alcazar", à "Plaza de España" e a noite, para completar, assistímos ao espectáculo de dança flamenca de "Los Gallos" (um "tablao" nada turístico), que nos presenteou com um show típico maravilhoso!

Nesta altura eu fazia dança flamenca (aliás, foi assim que conheci esta minha amiga!) e portanto, no dia seguinte, "varremos" as lojas da cidade para ver as roupas, sapatos, leques e Cds "in loco"! Ainda neste dia, conhecemos a "Torre del oro" e comemos a famosa "Paella" (eu comi a de verdura, porque "não sou muito amiga" de peixes e mariscos).

No dia seguinte regressámos à Madri, mas no caminho ainda parámos em "Córdoba", uma cidade onde a influência moura é nítida e linda! De volta à Madri, fomos, finalmente, conhecê-la! Gostei muito de Madri, assim como gostei de Milão e de Lisboa. Gosto de cidades assim, grandes, com avenidas largas, prédios grandes e suntuósos, e com uma vida noturna intensa! Ficámos hospedadas numa pensão na "Grand Via" (bem central) e a noite fomos conhecer o "Hard Rock Café". Nos quatro dias em que ficámos nesta cidade, conhecemos a sua "Plaza de España", a "Puerta del Sol", a "Puerta de Alcalá", a "Plaza de Cibeles", a "Plaza de Colón" , o "Parque del Retiro" e, finalmente, o "Museo do Prado". Adorei!

Como a minha amiga iria tomar o avião de volta para o Brasil, a partir de Madri, e o meu só sairia dois dias depois, de Milão, no dia em que ela foi embora, resolvi ir até Barcelona. Afinal, havia passado por Barcelona, mas não tinha tido tempo para conhecer esta cidade. Assim, tomei um comboio para Barcelona e, quando lá cheguei, deixei a minha bagagem num locker e peguei um Bus Turistic para conhecer a cidade. Tinha que estar de volta à noite, quando o meu comboio partiria para Milão.
Não deu para conhecer muita coisa, mas consegui tirar foto da famosa igreja de Gaudí, a "Sagrada Família" e passear um pouco pela "Vila Olímpica". Voltei para a estação de comboio às 18h30, e como o meu comboio só sairia às 20h00, fiquei "fazendo hora"... No entanto, às 19h50, O MEU MUNDO CAIU...
Dei conta de que estava na estação errada! Ou seja, a estação de comboio pela qual eu havia chegado, não era a mesma pela qual eu iria partir!
Meu Deus, e agora?

Dica número 5: TENHA EM ATENÇÃO O NOME DA ESTAÇÃO DE ONDE IRÁ PARTIR O SEU COMBOIO!
(Fotos tiradas da Internet)

Episódio 10 - Barcelona?

Quando cheguei em Barcelona, só queria encontrar com a minha amiga e tomar um banho!
Fui directo para o Hostel onde ela estava hospedada, e foi aí que tive uma grande surpresa! Ela havia combinado de, naquele mesmo dia, após ao almoço, sair de Barcelona rumo à Madri/ Madrid e, de Madri, partir para Lisboa... ou seja, EU IRIA CONTINUAR A VIAJAR DE COMBOIO!

Então, tive que tomar um banho (antes do meio dia) no quarto do hostel onde ela estava hospedada e sair correndo (mais uma vez) para almoçar, e às 15h33 pegar o comboio para Madri! Chegámos em Madri às 22h00 e às 22h35 pegámos outro comboio, agora com direcção à Lisboa. E foi neste momento que, através da minha amiga, descobri que o meu Europass era válido para a 1ª classe! Acho que quando o comprei, na agência de viagens, ao invés de escreverem "2ª classe", escreveram "1ª classe"! No entanto, como eu havia comprado para "2ª classe" nunca reparei no que nele estava escrito! Então, quando a minha amiga disse: "O que vc está fazendo aqui? Você pode viajar na primeira classe!", eu corri para a 1ª classe! Estava mesmo a precisar descansar porque, de Madri para Lisboa, seriam mais 10 horas de viagem... Pena que não havia reparado nisto antes! Bem... mas agora não adiantava "chorar sobre o leite derramado!" Porém, a partir daquele momento, eu só iria viajar em 1ª classe!

Chegámos em Lisboa (Estação do Oriente) às 8h30 (horário de Portugal). Naquela época, não sei se o nome da estação era "Oriente"... Só sei que próximo desta estação não havia nada e que estavam a construir os edifícios que abrigariam a "Expo 98", no ano a seguir. Hoje, quem passa por lá, não imagina como era em 1997...

Na própria estação fomos abordadas por um português, que estava lá para "angariar" turistas para a sua pensão. Ele estava com uma "carrinha" (perua no Brasil) e disse que nos levaria até à pensão e que a diária sairia por 30 doláres. Estávamos tão cansadas que, confiamos, e fomos! A pensão ficava na Praça da Figueira (centro da cidade) e como havia sido reformada há dois meses, estava uma graça! Ou seja, demos uma tremenda sorte, pois entramos no carro de um homem que não conhecíamos, e, graças à Deus, ele nos levou para um lugar descente e bem no centro de Lisboa!

Anotações do "Diário de Bordo":

- "Fomos conhecer o Castelo de São Jorge e o Bairro de Alfama - ADOREI!";
- "A noite, como chovia muito, fomos conhecer o Centro Comercial Colombo - MARAVILHOSO!";
- "Dormi super bem e antes assisti a novela brasileira "A Indomada" que está passando aqui".
- "Gostei muito de Lisboa! Deu para matar as saudades do Brasil! É tão bom entender as placas e os que as pessoas dizem..."

Relendo agora este "Diário", começo a achar que já "estava escrito" que um dia eu iria viver em Lisboa... Mas, naquela época, isto nem passava pela minha cabeça!

No dia seguinte fomos conhecer Belém, a Torre de Belém, comer pastéis de Belém (não me lembro se cheguei a comer os "originais"), visitar a Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, o Museu da Marinha e, a noite, íamos ao Bairro Alto, para ouvir fado, mas infelizmente, a chuva nos impediu... Mas o que conheci de Lisboa foi suficiente para já, naquela época, ficar com uma óptima impressão desta cidade!
Fotos by Fábio de Lima Paiva

Episódio 9 - Comboios, comboios e mais comboios...

A viagem até Milão foi complicada... De Perúgia à Milão são cerca de 5 horas de viagem de comboio/ trem.  No entanto, tive que fazer uma escala em Firenze.... Cheguei às 15h00 em Firenze, e só havia comboio para Milão às 19h00. Conclusão: Fui chegar em Milão às 22h00. A sorte é que eu já havia reservado hotel em Milão! Então, após mais de 9 horas de viagem, finalmente pude tomar um banho e fui directo para a cama!

No dia seguinte fui à estação ferroviária reservar o comboio para Barcelona, e só neste momento me dei conta de que iria atravessa a França! Ou seja, se a viagem, de 9 horas do dia anterior, já havia sido má, a que eu teria de enfrentar agora seria muito pior: Cerca de 18 horas de viagem, no mínimo, o dobro do que eu já havia feito! E, além disso, teria que fazer uma escala em Nice e outra em Port Bou. Em primeiro lugar, eu não falava (e ainda não falo) uma palavra de francês! Em segundo lugar, eu não fazia a menor ideia se Port Bou ficava em França, ou se já era Espanha. Só depois vim a descobrir que Port Bou já faz parte de Espanha.

Embarquei no comboio de Milão com destino à Nice e esta viagem foi bastante interessante... Quem me conhece, sabe que o meu inglês não é lá essas coisas... Porém, dentro do comboio, vim sentada ao lado de uma italiana e à frente de um francês que, por sua vez, estava sentado ao lado de uma norte-americana. Ou seja, a "Torre de Babel" havia alí se instalado! Como todo norte-americano acha que todo mundo fala inglês, esta não foi excepção e resolveu elogiar o anel da italiana. Para minha surpresa, a italiana não percebia nada de inglês! Então, eu que, surpreendentemente havia entendido, fui explicar para a italiana o que a norte-americana havia falado. Pois bem, a partir deste momento virei tradutora-intérprete! A norte-americana falava e eu traduzia para o italiano. Depois, a italiana falava e eu traduzia para o inglês! Dá para imaginar? Não? Nem eu! Só sei que aconteceu e eu consegui conversar até com o francês, que também falava inglês, e acabou por entrar na conversa!

Portanto, quando cheguei em Nice, apesar de não entender nada que era anunciado nos auto-falantes da estação ferroviária, tirei as minhas dúvidas, em inglês, com uma jovem coreana, e, de madrugada, embarquei com destino à Port Bou. Neste comboio fui numa "couchette", que tive que partilhar com mais cinco italianos (homens e mulheres) que também estavam a viajar como "mochileiros".  Apesar de simpáticos, naquela época, estes jovens só sabiam que o Brasil era o país do "Ronaldinho" (jogador de futebol)... Espero que hoje, eles saibam mais do que isso!

Já havia perdido as contas de quantas horas estava a viajar, mas sabia que, ao chegar em Port Bou, ainda teria de enfrentar mais duas horas de comboio para chegar à Barcelona. Certamente, já havia mais de 18 horas que eu não tomava banho e não sabia quando iria conseguir tomar de novo. Notas do "Diário de Bordo": "Que nojo! Ainda bem que está um frio desgraçado e que ninguém sua! Mas as pessoas parecem que são encebadas, oleosas, sei lá... Aqui, todo mundo brilha! PS: Depois desta viagem, eu posso ir de carroça para a Amazônia!"
Hahahahaha!!!

Mas... o pior disso tudo, é que quando, finalmente, cheguei à Barcelona, tive uma grande surpresa!
(Fotos tiradas da Internet)

Episódio 8 - Salzburgo, Munique, Zurique, Milão...

Ainda na Austria, fomos conhecer Salzburgo, a cidade onde nasceu o famoso compositor Amadeus Mozart! Obviamente, um passeio obrigatório nesta pequenina cidade, é conhecer a casa deste compositor.

Depois de Salzburgo, fomos para Munique (na Alemanhã), onde ficamos hospedadas numa residência universitária, com uma colega que estava a estudar lá. E, de Munique, fomos para Zurique, na Suíça. É engraçado mas em Munique e Zurique, não me lembro de coisas que me tenham marcado... Lembro-me, apenas, que gostei muito de ambas cidades e que descobri que os iogurtes alemães são os melhores do mundo, para além de confirmar que o chocolate suíço também é o melhor do mundo!

De Zurique, voltámos para a Itália, mas agora para Milão! Ficamos um dia a passear por Milão, onde eu conheci e me apaixonei por esta cidade! Milão é uma cidade grande, cosmopolita, que tem pouco de turístico, mas muito para quem gosta de grandes cidades, como São Paulo, por exemplo. Em Milão podemos visitar a sua magnífica Catedral, a Galeria Vittorio Emanuele, o Teatro alla Scala e ver "A Última Ceia", pintada por Leonardo da Vinci, que está  em Santa Maria delle Grazie.

Depois de Milão eu fui para Fidenza (em Parma), encontrar com os meus amigos que iriam se casar! Fiquei 15 dias com eles, onde, para além de ser madrinha de casamento na Comuna (Câmara Municipal/ Prefeitura) de Fidenza, pude visitar as cidades de Parma, Salsomaggiore (onde almocei "Macarrão/ Pasta com Feijão", tudo misturado, com molho de tomate e, por incrível que pareça, ADOREI!), Soragna, Busseto (cidade onde nasceu o compositor Giuseppe Verdi), Cremona (cidade onde nasceu Antonio Giacomo Stradivari, conhecido por seus violinos e instrumentos de corda "Stradivarius") e conhecer o maravilhoso Lago di Garda.

Conheci ainda a cidade de Bologna (famosa pela Universidade de Bolonha ser a mais antiga da Europa e a terceira do mundo) e resolvi que iria para Perugia, fazer um curso (de um mês) para aperfeiçoar o meu italiano. Porém, ao chegar em Perúgia, não sei se porque já estava a viajar há muito tempo, ou se por estar, finalmente, a viajar sozinha, fiquei muito deprimida e decidi  que havia chegado a hora de ir embora. Perúgia é uma cidade muito pequena e acho que isto também me assustou! Pois, para além de estudar, o que eu iria fazer, sozinha, durante 30 dias, em Perúgia? Resolvi, então, voltar para Milão e antecipar o meu regresso ao Brasil. No entanto, a caminho de Milão, liguei para o Brasil e fiquei a saber que uma outra amiga estava em Barcelona, na Espanha. Foi então que pensei, porque não aproveitar que já estou no continente europeu e ir conhecer a Espanha? Neste momento, dei conta que o meu problema não era estar a viajar há muito tempo, mas sim, viajar sozinha. Percebi que, para mim, viajar com companhia faz muito mais sentido, pois a verdadeira piada da viagem está em podermos partilhar as emoções!
(Fotos tiradas da Internet)

Episódio 7 - Veneza e depois... Viena

Após conhecer Firenze, pegamos o comboio rumo a Veneza.

Como haviam nos alertado para o facto dos hotéis em Veneza serem muito caros, resolvemos somente passar um dia em Veneza. Assim, chegámos e deixamos nossa bagagem em um locker, na estação ferroviária, e fomos conhecer Veneza!

Achei Veneza lindo! Não andei de gôndola, pois acho que este é um passeio muito romântico, e eu, naquele momento, não estava a fazer uma viagem propriamente romântica. Mas fartei-me de andar pelas vielas daquele lugar, e não senti nem um pouco o "cheiro a pau podre", como algumas pessoas já referiarm ter sentido naquela cidade, por esta estar coberta por 177 canais, 400 pontes e 118 ilhas, situando-se entre a foz do rio Ádige (a sul) e do rio Piave (a norte). Lá tembém conheci uma das basílicas mais lindas da Itália, a Basilica di San Marco.

A noite, pegámos um comboio com "couchettes" (cabines com umas espécies de "camas", onde podemos viajar deitadas) e fomos dormindo até... Viena, capital da Austria! Isto foi ótimo, pois economizámos uma diária de hotel, e como já tínhamos o Europass, só tivemos que pagar um suplemento para as "couchettes". Nestas cabines podem viajar até seis pessoas. No entanto, neste dia, demos sorte e tivemos uma cabine só para nós!

Viena, como a minha amiga, que naquela época já conhecia Paris, referiu, "Parece Paris em miniatura"! Só que em Paris temos o rio Sena e em Viena temos o Danúbio. Mas a organização e a limpeza dessas cidades são muito semelhantes.

Haviam nos dito que os albergues em Viena eram muito bons. Portanto, fomos a procura de um e encontramos um albergue excelente! Podiámos ficar em quartos colectivos e pagarmos 10 dólares por dia, ou ficar num quarto privativo, com casa de banho/ banheiro, e pagarmos 13 dólares por dia. É obvio que escolhemos a segunda opção! E, vale ressaltar que o pequeno-almoço/ café da manhã estava incluído! Não era nada de especial, mas tínhamos pão, manteiga, café, leite e chocolate! Para quem viaja como "mochileira" isso era mais do que suficiente!

Fomos então passear pelas ruas de Viena. Ao todo, ficámos dois dias nesta linda cidade. No primeiro dia, comprámos ingressos para vermos um espectáculo à noite, porque há muitos jovens, vestidos com roupas de época, a publicitarem espectáculos por toda a cidade. No entanto, no dia seguinte, descobrimos que a famosa "Ópera de Viena" também apresenta espectáculos, e de graça! Então, também fomos ver! Outros locais que também vale a pena conhecer em Viena são: a Catedral de Viena (chamada St.Stephen's), que está localizada no centro da cidade, possui estilo românico e gótico e data do século XII, e o Palácio de Schönbrunn, onde viveu "Sissi", a Imperatriz.

A noite, em Viena, tivemos que andar de taxi. Mas lembro-me que não era nada impagável... E, além disso, haviam muitas taxistas mulheres, o que nos deixava mais seguras. Elas eram muito simpáticas (a boa maneira austríaca), apesar de ser meio complicado entender o inglês que falavam, devido a pronúncia. De qualquer modo, deram-nos boas dicas de cafés e bares tipicamente austríacos, lugares pequeninos, onde as pessoas vão para tomar um café e ler um livro e, portanto, as mesas têm que ser partilhadas. Uma pessoa pode ficar a noite toda sentada em uma mesa, lendo um livro, mas sabe que outras pessoas irão partilha-la. Lembro-me de ter ficado muito surpreendida com isto, pois no Brasil essa prática não é nada comum!

Outra coisa que me surpreendeu nesta época foi a dificuldade para se comprar cigarro/ tabaco em Viena! Aviso aos fumadores de plantão que nesta cidade não encontramos cigarro à venda como se encontra em Portugal ou no Brasil! Ainda mais se for Domingo, ou feriado! A minha amiga, que era uma fumadora inveterada, quase teve uma crise de abstinência!

Por outro lado, quem conseguir compensar a falta de tabaco com doces, está no paraíso! Há tanta oferta de doces (daqueles que até dá dó de comer), que temos dificuldade para escolher qual iremos comer... Só por isso, vale a pena ficar mais de dois dias em Viena!
(Fotos tiradas da Internet)

Episódio 6 - Firenze (ou Florença)

Após termos perdido o comboio para voltar para Firenze (ou Florença), só haviam duas alternativas:

1 - Ou dormíamos em Siena,
2 - Ou voltávamos de taxi.

Dormir em Siena seria complicado, porque não tínhamos roupa, já estávamos com o hotel pago em Firenze, e se dormissemos mal, na estação, ou não dormíssemos, não conseguiríamos aproveitar o dia seguinte. Portanto, optamos por voltar de taxi. Tomada esta decisão, partimos para a tarefa mais difícil: Negociar o preço da corrida com o taxista! E é péssimo negociar quando estamos em desvantagem... Nós é que precisávamos ir embora... Portanto, estávamos em desvantagem!

Taxista, em qualquer lugar do mundo, é mesmo uma "raça" a parte! Como não tínhamos muito dinheiro, visto que, enquanto "mochileiras" era suposto gastarmos 50 dólares por dia, conseguimos convencer um taxista a nos levar até a entrada de Firenze (e só até a entrada!) por 80 dólares. Assim fomos "largadas às portas de Firenze", e começamos a andar a procura do nosso hotel. A sorte é que Firenze não é uma cidade propriamente grande...

Quando chegámos ao hotel, já tarde da noite, deparamo-nos com outro probleminha... Como tratava-se de mais uma pensão (do que um hotel propriamente dito), com "cabine de duche"/ "Box" no corredor, os banhos só poderiam ser feitos até às 22h00, para não haver barulho e acordar os hóspedes. Agora imaginem duas brasileiras, que passaram o dia todo na rua, andando de um lado para o outro, irem dormir sem tomarem um banho? Para nós, que por vezes, tomámos vários banhos ao dia, isto era imaginável! Por isso, fingimos não saber, e fomos tomar banho! Não é preciso dizer que, a boa maneira italiana, foi nos dado um tremendo "puxão de orelhas"! Mas... Valeu a pena!

No dia seguinte fomos então conhecer Firenze: a Catedral del Duomo (Santa Maria del Fiore), a Chiesa della Santa Croce, o famoso "Mercado das Pulgas" e etc...

A Catedral del Duomo é, para mim, a igreja mais bonita da Itália! Naquela época, também achei o Mercado das Pulgas o máximo! Hoje, penso que este mercado não fica muito atrás das grandes "Feiras" que existem em Portugal!
(Fotos tiradas da Internet)

Episódio 5 - Pompéia e depois Piza e Siena!

No quarto dia fomos conhecer Pompéia!

Foi a primeira vez que pegámos o comboio e utilizámos o Europass. Tínhamos que  pensar muito bem quando o utilizávamos, pois uma vez "obliterado" era válido por 24 horas. Portanto (dica número 3), quanto mais precisássemos andar de comboio nas próximas 24 horas, melhor!

Lembro-me que fomos conversando com o "picador de bilhetes"/ fiscal e até tínhamos a intenção de descer em Nápolis. No entanto ele nos colocou tanto medo, dizendo que Nápolis era uma cidade muito perigosa, que acabamos por desistir e fomos directo à Pompéia.

Em Pompéia tivemos uma agradável supresa. Ao chegarmos na cidade, pedimos informação à um citadino, sobre onde ficavam as famosas "Ruínas de Pompéia", e ele não só nos levou à elas, como passou o dia conosco e foi o nosso guia naquela cidade! O nome dele é Gennaro Calabrese e, até mantivemos contacto durante algum tempo, mas depois, se perdeu... No entanto, fiquei com uma óptima impressão dos habitantes daquela cidade! O que vale mesmo a pena conhecer em Pompéia é a parte antiga da cidade, que foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio, no ano 79 d.C.

No dia seguinte partimos de Roma em direcção a Firenze/ Florença. Chegando lá, conseguimos uma pensão próxima da Catedral del Duomo, bem no centro da cidade. Como já estávamos instaladas, decidimos deixar para conhecer Firenze no dia seguinte e, neste dia, fomos para Piza e Siena.

Em Piza, o que vale mesmo a pena ver é a famosa "Torre de Piza". Agora, Siena, é uma cidade encantadora... Talvez tenha nos encantado tanto por ser uma cidade cheia de jovens universitários e nós, naquela época, termos acabado de sair da universidade... Enfim, mas a cidade era tão agradável que perdemos a noção da hora e, ainda por cima, não háviamos tomado nota dos horários de comboio de volta para Firenze. Estávamos tão despreocupadas com isto que, conversando com uns estudantes, fomos subitamente informadas que o último comboio para Firenze partia às 21h00. No entanto, já eram 20h55 e não estávamos propriamente perto da estação. Saímos correndo em direcção à estação mas, chegámos lá, às 21h05... Eu nunca odiei tanto a pontualidade em um transporte público como naquele dia! Enfim, confirmaram-nos que o  último comboio para Firenze havia acabado de partir e, que agora, só haveria um comboio às 6h00 do dia seguinte...

Dica número 4: PRESTE ATENÇÃO NOS HORÁRIOS DOS COMBOIOS!
(Fotos tiradas da Internet)

Episódio 4 - Vaticano e... "altre cose"

No dia seguinte fomos ao Vaticano (o menor país do mundo!).

Conhecemos a  "Piazza de San Pietro", a Basília e o "Palácio Apostólico", residência oficial do papa no Vaticano. Obviamente, o que chama mais atenção no Palácio Apostólico, para além da opulência e da riqueza que lá encontramos, é a "Cappella Sistina", com afrescos, pintados pelos maiores artistas da Renascença: Michelangelo, Raphael, Bernini e Sandro Botticelli. O "Juízo Final" pintado por Michelangelo, é, sem dúvida, a pintura mais impressionante desta capela.

Vale a pena passar um dia no Vaticano!

No terceiro dia de viagem conseguimos, finalmente, entrar no Coliseo! Também vale a pena lá entrar!

Depois fomos conhecer um bairro muito típico chamado "Trastevere". Trata-se de um bairro com ruas estreitas de paralelepípedos, cercadas por casas medievais e com uma agitada vida noturna. Possui diversos bares e restaurantes, e é um local de visita obrigatório para aqueles que querem conhecer um pouco mais de perto a vida de quem vive em Roma!

(Fotos tiradas da Internet)

Episódio 3 - Conhecendo Roma!

"Só quando temos definido o lugar onde iremos nos hospedar, é que podemos, finalmente, começar a aproveitar a viagem."

Por isso, aos mochileiros de primeira viagem, deixo-vos uma dica: Tentem viajar com os lugares onde irão se hospedar, mais ou menos definidos. Isto irá lhes poupar algum trabalho, além de que ganharão mais tempo para desfrutar da viagem!

Mas, continuando a minha aventura, depois de termos encontrado um lugar para ficar, fomos, finalmente, conhecer ROMA!

Primeiro dia em Roma

Como estávamos hospedadas num local central, conseguimos conhecer os principais pontos da cidade em um único dia, e fazendo tudo à pé!

Primeiro pegamos a "via nazionale" e fomos visitar o "Foro Romano". Depois fomos ao Coliseo, mas como ele estava fechado, ficamos de voltar no dia seguinte. Aqui vale deixar-vos uma outra dica: Certifiquem-se do dia em que os locais estão abertos e fechados, para não perderem tempo indo à um local onde não poderão entrar!



Já que não pudermos entrar no Coliseo, fomos conhecer a "Fontana di Trevi", a "Piaza di Spagna" e o "Parthenon". Estes locais ficam relactivamente perto, e faz-se muito bem à pé!













Depois de tanto andar e de não comer nada direito durante o dia todo (pois carreguei a minha mochila com barras de cereais e passava o dia a comer isto, para não gastar e não perder tempo!), resolvemos fazer uma refeição descente. E, comer descentemente em Itália é... comer pizza! Sentamos, então, numa "Cantina", dividimos uma pizza marguerita e tomamos vinho branco. Naquela época, pagámos 4 dólares cada uma! Hoje, duvido que conseguiríamos fazer uma refeição dessa, por este preço...

Após a refeição fomos passear pela "via del corso" e quando íamos telefonar para casa, conhecemos um outro brasileiro de São Paulo. É impressionante a facilidade com que encontramos brasileiros em qualquer parte do mundo! Mas esse brasileiro, de nome Fábio, estava a viver em Roma e nos levou para conhecer a "Piaza Navona" e depois à um concerto/ show, que estava a acontecer em frente ao Coliseo, do famoso músico italiano Lucio Dalla! Foi muito legal sentir de perto a cultura e a vibração do povo italiano!
Neste dia, chegamos ao hotel às 2h20 da manhã, mortas de cansaço, mas felizes e prontas para acordar cedo e começar tudo de novo no dia seguinte...
(Fotos tiradas da Internet)