Episódio 12 - E agora?

"Eu não sei o que acontece com o nosso organismo, quando temos que resolver algum problema, mas sei que somos capazes de buscar força, não sei onde, e de um momento para o outro, adquirir uma obstinação tão grande, que nos torna possível realizar o que parecia impossível..."
E, para quem acredita em Deus, pode acrescentar à esta força e obstinação, uma grande ajuda Divina!

Ora bem, eu estava em Barcelona, na estação ferroviária errada, às 20h50, e o meu comboio saia da outra estação, que ficava do outro lado da cidade, às 21h00. Além disso, como naquela época ainda não havia a moeda única (o Euro), eu não tinha muitas pesetas (moeda usada em Espanha), porque estava de partida para a Itália e lá usava-se a lira. Por isso, eu tinha comigo apenas 1000 pesetas, que até tentei gastá-las enquanto "fazia hora" na estação, mas felizmente, como nunca fui grande "gastadeira", e não havia encontrado nada que valesse a pena comprar, ainda não as havia gastado...

Assim, quando descobri que estava na estação errada, saí correndo, desenfreadamente, a procura de um taxi. Estava tão nervosa que, obviamente, o taxista apercebeu-se. Então, comecei a contar-lhe o que se havia passado, misturando o português com o italiano e o espanhol, devido ao nervonismo, e... eu nunca ví um taxista correr tanto! Ele parecia mais nervoso do que eu! Ele corria, e eu rezava para chegar viva ao meu destino! Quando cheguei à estação, o meu comboio já estava a "apitar" que iria partir. Perguntei o preço da corrida ao taxista e ele disse: "1000 pesetas" (ou seja, todo o dinheiro que eu tinha). Dei-lhe a nota e saí correndo em direcção ao comboio, que estava mesmo quase a partir. Entrei no comboio totalmente sem fôlego, e faço ideia da cara com que estava, pois as pessoas que lá estavam, todas, literalmente, pararam e ficaram a me observar, enquanto eu procurava retomar o fôlego.

Quando filnalmente me acomodei (na 1ª classe) e a adrenalina começou a baixar, sentia o corpo todo "moído". Meus braços estavam em "frangalhos" devido ao excesso de peso que havia carregado... Só aí me dei conta do esforço que aquele taxista havia feito para me ajudar, e que eu, devido a correria, nem sequer havia lhe agradecido... Perdoem-me quando disse, num episódio anterior, que "taxista é uma raça à parte". De facto, não podemos generalizar... Em toda regra, há excepção!

Por isso, naquele momento, eu pensei:

"Obrigada Senhor, Obrigada Senhor, Obrigada Senhor!

Obrigada por ter me feito ver, 10 minutos antes, que estava na estação errada;
Obrigada por não me ter deixado gastar as minhas últimas 1000 pesetas e,
Obrigada por ter colocado aquele taxista no meu caminho!"

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